Abordamos o discurso médico sobre o uso dos esteroides anabolizantes androgênicos (EAA), drogas sintéticas cujo abuso vem sendo caracterizado como problema de saúde pública, sendo operado na contraposição entre usos “médicos” e “não-médicos”. Com base em abordagem qualitativa, realizamos análise de enunciações presentes em 76 artigos da área biomédica entre 2002 e 2012. Nesse discurso, permanece o banimento, entre jovens, de usos de EAA não regulados pela medicina, ao passo em que as fronteiras do emprego clinicamente qualificado parecem se expandir para pessoas idosas, mesmo frente a contradições que tensionam o argumento de prevenção dos riscos à saúde. Percebem-se marcações biopolíticas moralizantes, seja via distinções de gênero, seja sob o signo da criminalização do uso de drogas.