O presente estudo tem como objetivo caracterizar as relações sociais de adolescentes socialmente retraídos, quer com o seu grupo de pares, quer com os seus melhores amigos. Os dados foram recolhidos com base em 3 instrumentos: o Extended Class Play -que permite aceder às avaliações que os pares fazem do comportamento, funcionamento e reputação sociais dos colegas -, as Nomeações de Amizade -que permite identificar quem são os melhores amigos -e o Questionário da Qualidade da Amizade -destinado a aceder às perceções que os sujeitos têm de vários aspetos qualitativos da sua melhor amizade. No que diz respeito às relações sociais, os resultados permitiram verificar que os adolescentes socialmente retraídos foram descritos pelos pares como sendo significativamente mais isolados, excluídos e vitimizados, mas também mais pró-sociais do que os seus colegas. Por outro lado, não diferiam destes no número de amigos mútuos, nem na qualidade de amizade relatada, ainda que tendessem a ter amigos significativamente mais isolados e excluídos, tal como menos agressivos, do que os adolescentes do grupo de controlo. Os resultados estão de acordo com a literatura, refletindo as dificuldades sociais que os jovens socialmente retraídos enfrentam, assim como chamam a atenção para o possível efeito protetor que a participação em comum com os melhores amigos pode ter.
Palavras-chave:Relações entre pares, Retraimento social, Amizade, Adolescentes.A literatura tem atestado, de forma inequívoca, a importância que as interações e relações com pares -particularmente as de amizade e com o grupo -assumem no desenvolvimento e bem-estar psicossocial dos indivíduos ao longo de todo o ciclo vital. Como consequência, começou a surgir o interesse por aqueles sujeitos que, devido ao medo, à ansiedade e/ou à timidez, se retiravam das interações -nomeadamente com os seus pares -perdendo, assim, todos os benefícios individuais, sociais, cognitivos e emocionais que lhe estão associados e que estão empiricamente verificados (p. ex