Análise Funcional De Falas Inapropriadas Em Uma Pessoa Com Diagnóstico De Esquizofrenia

Abstract

RESUMOEste estudo objetivou utilizar a análise funcional (experimental) para identificar as variáveis controladoras das vocalizações inapropriadas de uma pessoa do sexo feminino, com 27 anos e diagnóstico de esquizofrenia. A análise funcional envolveu a manipulação de eventos ambientais em três condições principais, a saber, condição atenção, condição sozinha e, também, condição controle. Tais condições foram alternadas em um delineamento de pesquisa de múltiplos elementos. Os resultados da análise funcional demonstraram que a atenção social exerceu forte controle sobre a frequência de emissão de vocalizações inapropriadas. Esses achados possibilitaram discutir a utilidade do conceito de operação motivadora para analisar funcionalmente as respostas verbais emitidas por pessoas com diagnóstico de esquizofrenia.Palavras-chave: respostas verbais, esquizofrenia, metodologia de análise funcional, atenção social.ABSTRACT This study implemented a functional (experimental) analysis to identify the controlling variables of the inapropriate vocalizations in a 27 years old female, diagnosed with schizophrenia. The functional analysis involved the manipulation of environmental events on three conditions: attention condition, alone condition, and control condition, which were conducted according to a multiple-element design. The results of the functional analysis showed that social attention exercised strong control over the frequency of occurrence of inappropriate vocalizations. These results allowed to discuss the usefulness of the concept of motivating operation to functionally analyze the verbal responses of persons with schizophrenia.

Esquizofrenia: o que analistas do comportamento têm feito no Brasil?

“…Em relação à realização da análise funcional experimental antes da intervenção, proposto por Iwata et al (1994), foi identificada em seis estudos (Alves, 2018;Bueno, 2012;Nogueira, 2016;Rockenbach, 2014;Santana, 2008;Sousa, 2013). Cinco outros estudos (Britto, Rodrigues, Alves & Quinta, 2010;Marcon, 2010;Marcon, 2014;Marcon & Britto, 2015;Moura, 2012) foram conduzidos para manipular as condições presentes na análise funcional experimental, mas sem intervenção posterior. Os autores desses estudos preocuparam-se em demonstrar experimentalmente as variáveis das quais o comportamento-alvo é função, antes mesmo de planejar a intervenção apropriada.…”

“…De um modo geral, as análises funcionais dos estudos (Alves, 2018;Britto et al, 2010;Bueno, 2012;Marcon, 2010;Marcon, 2014;Marcon & Britto, 2015;Moura, 2012;Nogueira, 2016;Rockenbach, 2014;Santana, 2008;Sousa, 2013) mostraram que falas inadequadas podem ser mantidas por atenção social, portanto, por reforçamento positivo demonstrado nas diversas condições de "atenção" ou por reforçamento negativo com a remoção de uma dada atividade contingente com a fala inadequada observado nas condições de demanda. Na condição "controle" os registros indicam menor frequência, quando comparado a atenção ou demanda, sugerindo que a resposta não era controlada por reforçamento automático.…”

“…Na condição "controle" os registros indicam menor frequência, quando comparado a atenção ou demanda, sugerindo que a resposta não era controlada por reforçamento automático. Já na condição "sozinho" foi identificado algum registro dessas falas em apenas três pesquisas (Marcon, 2010;Marcon & Britto, 2015;Nogueira, 2016). Esses dados sugerem que respostas verbais inapropriadas de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia podem ser mantidas por contingências de reforçamento (Laying & Andronis, 1984).…”