RESUMO -Apresenta-se o caso de mulher de 60 anos com doença renal policística autossômica dominante (DRPAD) que desenvolveu quadro de cefaléia e oftalmoplegia completa à direita. A TC levantou a hipótese de um aneurisma gigante do segmento intracavernoso da carótida interna direita, o que foi confirmado pela arteriografia. Realizou-se, então, tratamento endovascular por oclusão do vaso parental com molas destacáveis no segmento supraclinóideo. A paciente evoluiu com a interrupção da cefaléia e com redução parcial da ptose e da oftalmoplegia. Neste artigo, enfatiza-se a relação entre DRPAD e aneurismas intracranianos. Comenta-se a história natural dos aneurismas originados no segmento intracavernoso da artéria carótida interna e comparam-se as opções terapêuticas no manejo destas lesões.PALAVRAS-CHAVE: aneurisma intracraniano, doença renal policística autossômica dominante, artéria caró-tida interna intracavernosa, aneurisma gigante, tratamento endovascular.
Giant aneurysm of the intracavernous internal carotid artery associated with autosomal dominant polycystic kidney disease: case reportABSTRACT -We report the case of a 60 years-old woman with autosomal dominant polycystic kidney disease (ADPKD) that presented with headache and right complete ophthalmoplegia. The CT scan raised the possibility of a giant aneurysm of the right intracavernous internal carotid artery, confirmed by angiography. The patient underwent endovascular occlusion of parent vessel with detachable coils, then she presented interruption of headache and partial recovery of ptosis and ophthalmoplegia. We emphasize the relationship between ADPKD and intracranial aneurysms. We also discuss the natural history and compare the therapeutic options for the management of giant aneurysms of the cavernous portion of the carotid artery.KEY WORDS: intracranial aneurysm, autosomal dominant polycystic kidney disease, intracavernous internal carotid artery, giant aneurysm, endovascular treatment.A prevalência de aneurismas intracranianos na população em geral é de aproximadamente 2% 1 . Entre eles, 3-5% ocorrem na porção intracavernosa da artéria carótida interna 2 . Aproximadamente um terço dos pacientes com aneurismas intracavernosos são assintomáticos ao diagnóstico, um terço tem cefaléia e metade tem alguma anormalidade de nervo craniano (III, IV, V 1 , V 2 e VI) 3 . Esses aneurismas podem, com menor freqüência, promover sintomas também por meio de ruptura, o que pode conduzir a uma fís-tula carótido-cavernosa, a uma hemorragia subaracnóidea (HSA) ou, ainda, a uma grave epistaxe 4,5 . Das numerosas doenças hereditárias do tecido conjuntivo que têm sido associadas com aneurismas intracranianos, as mais importantes são a doença renal policística autossômica dominante (DRPAD), a síndrome de Eh-