RESUMO -O estudo teve como objetivo investigar uma possível associação entre direção de expressão de raiva e stress em pessoas com hipertensão a partir da comparação com pessoas sem esse diagnóstico. Foram avaliados 112 participantes: 56 com hipertensão e 56 normotensos, pareados por escolaridade, gênero e faixa etária. Os instrumentos utilizados foram o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp e o Inventário de Expressão de Raiva como Estado e Traço. Participantes com hipertensão apresentaram 9,7 vezes mais chances de estarem estressados que normotensos (OR=9,7; IC95%:4,5) e 19 vezes mais chances de expressarem raiva para dentro (OR=19; IC95%:5,3-68). Ao lado de outros fatores como hereditariedade, vida sedentária e nutrição inadequada, stress e raiva estão relacionados à etiologia de diversas patologias crônicas e degenerativas como câncer, obesidade e hipertensão arterial (Straub, 2005). O stress pode ser compreendido como uma resposta do organismo da qual fazem parte fatores físicos, psicológicos, mentais e hormonais originada pela necessidade de manejo de qualquer situação, positiva ou negativa, que naquele momento representa ameaça (Lipp & Malagris, 2011). Já a raiva, pode ser definida de acordo com Spielberger (1992) como um estado emocional que pode variar de mero aborrecimento ou irritação, até a fúria, sendo acompanhada por uma excitação do sistema nervoso autônomo.
PalavrasDentre as doenças citadas por sua associação com stress e raiva, a hipertensão arterial (HA), condição clínica multifatorial que se caracteriza por níveis elevados e sustentados de pressão arterial, apresenta grande expressividade epidemiológica em termos de saúde pública no Brasil. Esse quadro atinge em torno de 30% da população (SBC, SBH, & SBN, 2010). Diante da magnitude desse problema, torna-se necessário conhecer melhor as relações entre os fatores envolvidos na origem, manutenção e agravamento da hipertensão arterial.Uma das formas de compreender os fatores emocionais associados à hipertensão arterial, como é o caso do stress e da raiva, é o entendimento do conceito de reatividade cardiovascular, que se refere às modificações de pressão arterial ou de frequência cardíaca, decorrentes de estímulos específicos. Embora a tendência geral da maioria das pessoas seja de demonstrar reatividade cardiovascular na forma de elevações de pressão arterial frente a situações de stress, indivíduos com hipertensão apresentam elevações maiores e mais frequentes do que pessoas sem este diagnóstico em situações similares. Por serem transitórias, essas elevações não produzem efeitos prejudiciais em indivíduos sem tendência à hipertensão, pois a capacidade normal de adaptação das artérias permite a recuperação do organismo sem ocasionar sequelas (Lipp & Rocha, 2008).Pode-se compreender o aumento de pressão sanguínea decorrente do stress como resultado da mediação de mudanças autonômicas e neuroendócrinas na contratibilidade cardíaca e na resistência vascular periférica. Essas alterações fisiológicas induzidas pelo stress fornecem supo...