Acredita-se que o papel do indivíduo frente às desigualdades sociais e de saúde não se dá passivamente; existem estratégias, muitas vezes desconhecidas pelos serviços de saúde, que motivam a busca de cuidados, seja no estabelecimento de vínculo com as redes de apoio na comunidade ou na mobilidade em busca de práticas terapêuticas e de serviços que satisfaçam sua necessidade de saúde. Nesse sentido, observa-se que a população vem desenvolvendo movimentos, muitas vezes imperceptíveis, mas que, no entanto, compreendem
Deise Lisboa RiquinhoUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil deiselis@terra.com.br
ResumoO papel do indivíduo frente às desigualdades sociais e de saúde não se dá passivamente; existem estratégias, muitas vezes desconhecidas pelos serviços de saúde, que motivam a busca de cuidados. Acredita-se que os grupos sociais estabelecem relações de apoio, configurando redes sociais, as quais definem práticas terapêuticas e colaboraram no enfrentamento de situações cotidianas. Assim, o objetivo desta pesquisa é o de conhecer e compreender as necessidades em saúde, as práticas terapêuticas e o apoio social na comunidade de Rincão dos Maia, Canguçu, RS, tendo como pano de fundo as desigualdades sociais. Para tanto, utilizou-se uma metodologia quanti-qualitativa, por meio de formulário, entrevista semi-estruturada, observação participante e diário de campo. Ao considerar que as necessidades de saúde são heterogêneas, as práticas empreendidas para satisfazê-las corresponderam a diferentes estratégias como mobilização de recursos por meio de apoio social das práticas terapêuticas adotadas. A aproximação destas dinâmicas levará à compreensão das necessidades de saúde, incorporando as realidades locais, com vistas a contribuir para a formulação de políticas públicas descentralizadas que dêem conta das demandas dos cidadãos.
Palavras-chaveapoio social; desigualdade social; população rural; saúde pública; pobreza experiências construídas a partir de sua lógica de ação, que podem ser identificadas no movimento e nas práticas de saúde dos sujeitos. Dessa forma, torna-se necessário conhecer as "maneiras de fazer" desse coletivo, identificando as práticas relacionadas direta e indiretamente com suas experiências com a saúde e a doença e que podem sinalizar um caminho para a incorporação de outros olhares na lógica dos serviços de saúde, a partir das concepções e necessidades identificadas pelos usuá-rios (Acioli 2006).