Antropologia versus etnografia

Abstract

A etnografia busca descrever a vida tal como é vivida e experimentada por um povo, em um lugar específico e em um tempo determinado. A antropologia, em contraste, é uma investigação sobre as condições e possibilidades da vida humana no mundo. A antropologia e a etnografia têm muito a contribuir entre si, mas os seus fins e objetivos são diferentes. A etnografia é um fim em si mesmo e não um meio para fins antropológicos. Ademais, a observação participante é um modo antropológico de trabalhar, não um método para coletar dados etnográficos. Estudar antropologia é estudar com as pessoas, não fazer estudos sobre elas; este estudo não é tanto etnográfico como é educativo. Uma educação antropológica nos mune dos meios intelectuais de especular sobre as condições da vida humana neste mundo, sem termos de fingir que os nossos argumentos são destilações da sabedoria prática daqueles entre quem trabalhamos. Nosso trabalho consiste em corresponder com eles, mas não falar por eles. É apenas reconhecendo a natureza especulativa da investigação antropológica que nós e eles poderemos ter as nossas vozes ouvidas e poderemos engajar devidamente com outras disciplinas. Só então estaremos em condições de capitanear a criação das universidades do futuro.

O lugar da diáspora negra: notas acerca de afrografias e etnografias nas relações raciais em contextos de pesquisas antropológicas racializadas

“…A etnografia e a antropologia, segundo a ideia de Ingold (2017), divergem porque a etnografia busca descrever a vida tal como é vivida e experimentada em um povo, em um lugar específico e em um tempo específico. Já a antropologia é uma investigação sobre as condições e possibilidades da vida humana no mundo.…”

Descarte de resíduos sólidos em Terras Indígenas e Educação Ambiental: as estratégias do povo Gavião lidar com o lixo na Amazônia

“…Alguns desses encontros ocorreram na capital do Estado do Maranhão, São Luís, durante ações do movimento indígena ou em atendimentos médicos especializados. Para execução da pesquisa de campo realizamos a "observação participante", entendendo observar e participar não como opostos, mas como complementares em um processo de aprender algo com alguém revista brasileira de educação ambiental (INGOLD, 2017). Os interlocutores deste trabalho foram, sobretudo, lideranças das aldeias, professores indígenas e anciões.…”

Waste and disposal in Indigenous Lands: the experience of the Gavião Pyhcop Catiji with solid waste in the Amazon (Brazil)

“…Some of these meetings took place in the capital of the State of Maranhão, São Luís, during actions of the indigenous movement or in specialized medical care. For the execution of the field research, we carried out "participant observation," understanding, observing, and participating not as opposites but as complementary in the process of learning something from someone (Ingold, 2017). The interlocutors of this work were, above all, village leaders, indigenous teachers, and elders.…”