Apendicite aguda em paciente idoso: relato de caso

Abstract

<jats:p>O apêndice vermiforme é um órgão tubular de fundo cego que se origina da parede do ceco. A apendicite é a causa mais comum de dor abdominal aguda e requer intervenção cirúrgica. Paciente masculino, 70 anos, com queixa de dor abdominal difusa tipo cólica de início há 3 dias e há 2 dias relata parada da evacuação e flatos. Durante o exame abdominal constatou-se abdome plano, levemente distendido, com ruídos hidroaéreos presentes, hipertimpânico à palpação, doloroso a palpação de forma difusa, com sinal de Rovsing positivo. Os sinais de Blumberg, Dunphy, Lapinsky, Iliopsoas Obturador, Giordano e Murphy negativos. Ao Toque retal, próstata ligeiramente aumentada. Aos exames laboratoriais: hemograma com leucocitose. Aos exames de imagem raio-x de abdome agudo, tomografia de abdome total e transito intestinal: distensão gasosa de alças intestinais com níveis hidroaéreos e ausência de líquido livre. Submetido a laparatomia exploratória que evidenciou distensão de intestino delgado e afunilamento de cólons transverso, descendente e sigmoide com apêndice cecal supurado grau 5 e grande quantidade de aderências em alças intestinais. Realizada apendicectomia e iniciada antibioticoterapia de amplo expectro. Obteve alta hospitalar após melhora da distensão e quadro infeccioso. A apendicite é normalmente uma condição patológica de jovens. Entretanto, o aumento da expectativa de vida tornou a ocorrência de apendicite aguda em pacientes idosos mais comum. A mortalidade da apendicite aguda no paciente idoso é mais elevada. Dessa forma, pacientes idosos apresentam pior prognostico, maior tempo de evolução da doença, maior permanência no hospital e mais casos de perfuração.Descritores: Apendicite; Abdome Agudo; Idoso.ReferênciasTamburrini S, Brunetti A, Brown M, Sirlin CB, Casola G. CT appearance of the normal appendix in adults. Eur radiol. 2005;15(10):2096-103.Santos F, Cavasana GF, Campos T. Perfil das apendicectomias realizadas no Sistema Público de Saúde do Brasil. Rev Col Bras Cir. 2017;44 (1):4-8.Gomes CA, Nunes TA. Classificação laparoscópica da apendicite aguda: correlação entre graus da doença e as variáveis perioperatórias. Rev Col Bras Cir. 2006;33(5): 289-93.Freitas RG, Pitombo MB, Maya MCA, Leal PRF. Apendicite aguda. Rev Hosp Univ Pedro Ernesto. 2009;8(1):38-51.Storm-Dickerson TL, Horattas MC: What we have learned over the past 20 years about appendicitis in the elderly? Am J Surg. 2003;185(3)198-201.Brenner AS, Santin J, Virmond Neto F, Boursheid T, Valarini R, Rydygier R. Apendicectomia em pacientes com idade superior a 40 anos: análise dos resultados de 217 casos. Rev bras Coloproct. 2006; 26(2):128-32.Almeida MWR, Trevisan JA, Oliveira FS, Mattos HC, Silva AR, Barbosa e Silva MCG. Influência da idade no tempo de internação e grau evolutivo das apendicites agudas: uma revisão em um Hospital Universitário do sul do país. Rev Col Bras Cir. 2006;33(5):294-97.</jats:p>

Tendência temporal das taxas de mortalidade por doença do apêndice no Brasil entre 2008 e 2021

“…A incidência anual de câncer no apêndice nos EUA é de 2 casos por 100 mil habitantes (Van, 2020), sendo o tumor neuroendócrino a causa mais prevalente (Lima, 2022). A apendicite aguda, principal etiologia de origem inflamatória (Lima, 2022), é mais comum de abdome agudo cirúrgico em todo mundo (Santos, 2017;Freitas, 2009;Lima, 2016;de Wijkerslooth, 2021), com prevalência de 7% na população (Lima, 2016), atingindo aproximadamente 250 mil pessoas por anos nos EUA (de Wijkerslooth, 2021), com maior risco de se desenvolver em homens (Verginio, 2020;Freitas, 2009;Shogilev, 2014).…”

“…As doenças do apêndice podem ser classificadas em etiologias inflamatórias e neoplásicas (Lima, 2022). A apendicite aguda (AA), é a principal causa inflamatória (Lima, 2022), e quadro mais comum de dor abdominal aguda, que requer intervenção cirúrgica (Verginio, 2020). Os processos neoplásicos também podem se apresentar como inflamatórios quando cursam com obstrução quando obliteram o lúmen do órgão, mas são raros os casos.…”

“…A apendicite aguda é a causa mais comum de abdômen agudo na criança, no adolescente e no adulto jovem (Lima, 2022). De acordo com a literatura a AA apresenta incidência de 48,1 por 10 mil habitantes por ano, com pico de incidência entre 10 e 20 anos de idade (Verginio, 2020), sendo incomum antes dos 5 anos e após os 50 anos (Santos, 2017).…”

“…Caso seja necessário complementar a investigação com exames de imagem, inicialmente pode ser utilizada a ultrassonografia abdominal, porém devido a menor especificidade, a tomografia computadorizada com contraste é o padrão ouro para a detecção da patologia (Lima, 2022). O diagnóstico diferencial e as variações anatômicas representam os principais entraves em seu reconhecimento clínico, o que propicia atraso em relação ao diagnóstico e tratamento e aumento das chances de complicação (Verginio, 2020;Gomes, 2006), tendo como consequência, alta morbidade e mortalidade (Calis, 2018).…”

Utilização da escala de alvarado no diagnóstico da apendicite aguda em pacientes idosos

“…Apesar da antibioticoterapia e do manejo cirúrgico terem reduzido sua mortalidade de forma importante nas últimas décadas, a AA ainda é uma patologia que se associa à morte, principalmente nos pacientes geriátricos, grupo em que há uma tendência de evolução mais grave, com maiores taxas de mortalidade e morbidade quando comparado à população geral (VERGINIO et al, 2020). Ademais, a literatura científica evidencia, nestes pacientes, um maior tempo do início dos sintomas até a admissão do paciente, demora no diagnóstico, apresentação clínica distinta, maior risco de complicações pré e pós-operatórias, maior taxa de perfuração apendicular, menor acurácia diagnóstica, maior morbidade e mortalidade e maior risco de câncer de cólon e apêndice (FUGAZOLLA et al, 2020;WEINANDT et al, 2020).…”