IntroduçãoDiversas pesquisas empreendidas nos Estados Unidos e em diferentes países da Europa têm revelado crescente distanciamento entre os eleitores e os partidos políticos, configurando um quadro de desalinhamento partidário (Putnam, 2003; Dalton, McAllister e Wattenberg, 2003;Dalton, 2013;Witheley, 2011; Van Biezen, Mair e Poguntke, 2012). O diagnóstico quanto ao efeito desse fenômeno sobre as democracias têm sido objeto de intenso debate entre os analistas. De um lado, temos aqueles que advogam que o desalinhamento produz um eleitor "indiferente" aos partidos, porém devidamente informados e interessados nos assuntos políticos, o que o colocaria em situação convergente com o ideal democrático de livre formação das opiniões e vontades políticas (Norris, 1999;Dalton, 2013). De outro, aqueles que percebem um cenário de risco para a legitimidade democrática, pois identificam que os eleitores ao abandonarem os partidos como canal de mediação, o fazem em troca de maior alheamento e alienação em relação à política (Albright, 2009;Witheley, 2011; Dassonneville, Hooghe e Vanhoutte, 2012; Van-Biezen, Mair e Poguntke, 2012).Em estudo recente, Dassoneville e Hooghe (2016) analisaram a relação entre desalinhamento, indiferença e alienação, tomando como base empírica 16 países europeus abrangidos pelo European