Esse artigo tenta mostrar alguns aspectos da importante relação entre Amor (Eros) e poesia no diálogo Banquete de Platão, focando, porém, no discurso de Agatão. Com esse intuito, o texto começa sublinhando o caráter poético da competição em que consiste a famosa série de elogios ao Eros. Depois o texto foca em uma leitura do discurso de Agatão, dando destaque a três pontos: como (1) a tese de que o Eros teria uma forma líquida se relacionaria com a poesia; como (2) o uso que Agatão faz das palavras deixa evidente o caráter corpóreo desses símbolos, mostrando assim que não apenas os corpos seriam símbolos, como pretendia o discurso de Aristófanes, mas também os símbolos seriam corpos, algo crucial para a relação entre Eros e poesia; e como (3) o fato de Agatão brincar com as palavras mostra que se pode ter uma relação não-instrumental com as palavras, que assim, a exemplo dos seres esféricos de Aristófanes, não precisariam remeter a nada fora delas mesmas.