O Antropoceno não afeta apenas a vida na terra em uma escala climática e geológica, mas também política e científica. Essa era é também a era da feitiçaria do capitalismo, da captura de ciências e cientistas em um discurso e práticas voltadas ao progresso cego em direção à expansão do capital. Progresso esse fruto da degradação do meio ambiente, do etnocídio, da extinção e da destruição de lugares sagrados, paisagens e materiais do passado. Neste ensaio, abordo a participação da arqueologia nesse contexto, e como ela vem construindo uma narrativa inofensiva acerca do passado, esvaziando territórios e paisagens de suas agências não-humanas e assim abrindo espaço para novas paisagens e estratos de um futuro que está nos levando ao fim.