Articulação entre os cuidados de saúde primários e secundários: grau de satisfação dos médicos especialistas e internos de medicina geral e familiar

Abstract

Introdução: O médico de família é frequentemente o primeiro contacto com o sistema de saúde, devendo avaliar a necessidade de referenciação para os cuidados de saúde secundários (CSS). O objetivo deste trabalho foi avaliar a satisfação dos médicos de medicina geral e familiar relativamente à articulação com os CSS. Material e Métodos: Estudo multicêntrico, longitudinal. Participantes: médicos de MGF. Dados recolhidos através do preenchimento de questionário. As variáveis foram avaliadas numa escala de 1 a 5, por ordem crescente de satisfação e incluíram: idade, sexo, categoria profissional, área e local de trabalho, acesso e qualidade dos registos das consultas hospitalares, do serviço de urgência e carta de alta, acesso aos exames complementares dos CSS, tempos de resposta e informação de recusa de referenciações, satisfação global. Resultados: Foram obtidas 228 respostas. A pontuação média das respostas variou entre 2,2 e 3,6. A satisfação da articulação na sua globalidade obteve uma média de 2,6±0,74, com 50% dos profissionais a responder «razoável», existindo diferença estatisticamente significativa consoante a área de trabalho. Discussão: Os resultados obtidos revelam que ainda existe um longo caminho a percorrer relativamente à articulação entre os CSP e CSS. Conclusão: É crucial existir uma articulação eficiente entre os CSP e CSS para garantir que os utentes têm acesso aos cuidados de que necessitam, no lugar e tempo mais adequados. O facto de se ter utilizado um questionário não validado, de a amostra ser de pequena dimensão e não existir uma representação equitativa das diferentes áreas limita a robustez das conclusões.

Os cuidados de saúde primários em Portugal: uma história de mais de 50 anos – a perspetiva de um futuro médico de família

“…No mesmo ano, a APMCG publicou o primeiro número da Revista Portuguesa de Clínica Geral (RPCG). [8][9] O desenvolvimento da CG teve múltiplas influências internacionais. A general practice britânica foi responsável pelo impulso inicial e pelos primeiros contactos, fornecendo referências académicas e bibliografia de apoio.…”

Presente e Futuro das Publicações Científicas na Área da Medicina Geral e Familiar em Portugal

“…Deste modo, no dia a dia dos médicos de MGF, surgem diversas possibilidades para a realização de pesquisas. 4 Marques et al 5 realizaram uma análise bibliométrica da produção científica nacional dos médicos de MGF, no período compreendido entre 2012 e 2022. Os médicos de MGF portugueses estão a publicar mais ao longo dos anos (aumento de 36,6%/ano) e fazem-no maioritariamente sob a forma de artigos originais (mais de 73% das 389 publicações), 5 demonstrando que a investigação também tem aumentado.…”

“…O crescimento da investigação ao longo dos anos tinha sido previamente assinalado por Sousa et al 4 Os resultados do estudo de Marques et al 5 revelaram que uma elevada percentagem das publicações foram fruto de colaborações com universidades, hospitais e centros de investigação, 5 sendo este um provável reflexo do aumento do número de doutoramentos e mestrados na área da MGF nos últimos anos. É indiscutível o papel dos centros de investigação no fomento do trabalho em equipa e no aperfeiçoamento das questões de investigação e dos desenhos dos estudos, pelo que estas colaborações devem não só ser mantidas, mas incentivadas no futuro.…”

“…As publicações médicas em MGF podem ainda não apresentar o almejado impacto para a prosperidade académica e científica da especialidade, mas demonstram os fortes alicerces de uma cultura de investigação da parte dos médicos, tão defendida por Sousa et al 4 há mais de duas décadas. Ao manter-se a evolução apresentada por Marques et al, 5 associada a um futuro aumento do número de médicos investigadores e à superação das dificuldades em realizar investigação, o desejado impacto académico e científico da MGF será alcançado rapidamente.…”