Nesta entidade clínico-patológica há comunicação da porção intracavernosa da artéria carótida interna com o plexo venoso do seio cavernoso trazendo como conseqüência, sob o ponto de vista fisiopatológico, a arterialização com dilatação das veias tributárias do seio cavernoso e a perda total ou parcial do sangue artedial destinado ao hemisfério cerebral homolateral. Em 75% dos casos a etíologia é de origem traumática (traumatismos com ou sem fratura) e o restante é causado por rotura de aneurismas congênitos ou arterioescleróticos, doenças arteriais, artérias embrionárias e outras malformações vasculares da região.Clinicamente manifesta-se por dor ocular homolateral, congestão dos vasos da conjuntiva, congestão das veias frontal e angular, edema do tecido periorbitário, oftalmoplegia intrínseca e extrínseca, papiledema, hipo ou anestesia da zona sensitiva do nervo oftálmico, exoftalmo pulsátil, sopro sistólico periorbitário ou temporal, às vezes sopro carotídeo com frêmito, perda da acuidade visual de instalação aguda ou subaguda; algumas vezes há acometimento do globo ocular contralateral. O LCR comumente é xantocrômico. Raramente pode haver hemorragias por rotura, com penetração de sangue no seio esfenoidal e nas fossas nasais, dando lugar a epistaxes fatais (Christensen citado por Zimman e cols.) 33 . A perda da visão deve-se a hipoxia causada pela estase venosa (Saunders & Hoyt) 27 . O diagnóstico clínico e angiográfico não traz grandes dificuldades.O tratamento cirúrgico desta afecção, passado já mais de um e meio século, desde a primeira cirurgia realizada por Benjamin Travers, em 1809, tem sido um dos maiores desafios dentro da neurocirurgia. Os resultados obtidos mediante numerosos tipos de tratamento só tem sido ideais em pequena porcentagem dos casos. Em 1930, Brook citado por Rey e col. 25 comentara sobre o que deve-se considerar como o ideal para o tratamento das fistulas: "o êxito do método operatório para a cura da fistula carótido-cavernosa deve ter como objetivo primário o fechamento da abertura fistulosa sem a limitação do fluxo sangüíneo, através do segmento da artéria que nutre a fistula".