Nas suas «Notas sobre o Espaço da Galeria», capítulo que introduz o livro No Interior do Cubo Branco: A Ideologia do Espaço da Arte, o autor Brian O'Doherty ([1986] 2002) começa por dissertar sobre a fábula do horizontal e do vertical terrestre, em contraposição com a visão que se tem a partir da nave espacial quando esta se distancia da Terra e oxigena o nosso pensamento e visão para as mudanças de escala, as camadas do tempo e a nossa falsa crença enquanto espécie superior.O espaço sideral é um lugar inóspito que, não oferecendo as condições naturais para as formas de vida terrestre, exige tecnologias próprias e avançadas para a aplicação de projetos artísticos e culturais, e uma consequente dependência dos progressos técnicocientíficos da exploração espacial (Puncer 2018, 476-477). É a partir desta realidade, e de abertura à interdisciplinaridade, que o cosmos já não se constitui apenas como tema artístico, mas surge também como lugar de comunicação e de exibição.