Resumo
O objetivo deste artigo é verificar o comportamento dos partidos políticos nos dois impeachments presidenciais que ocorreram na VI República brasileira. Para que este mecanismo seja usado nas crises políticas de governança, uma condição necessária é que uma parcela significativa do Legislativo, dois terços no caso da legislação brasileira, vote pela destituição do chefe do Executivo. Mas, se em 1990 o ex-presidente Fernando Collor de Mello de fato não contava com o apoio da maioria dos partidos para governar, em 2015 a ex-presidente Dilma Rousseff começou o seu mandato com ampla coalizão. Argumenta-se que nas duas crises políticas a falta do apoio de um grande partido de centro, garantidor do equilíbrio necessário à governabilidade, reduziu sobremaneira as chances de continuidade desses chefes do Executivo. Entre as principais conclusões, verificou-se que, no caso de Collor a estratégia de se colocar como o herói solitário afastou quase todos os partidos. No caso de Rousseff, embora tenha formado coalizão governamental ampla e heterogênea ideologicamente, incluindo um partido grande de centro, o PMDB, este foi, no entanto, o principal artífice do impeachment.