A indústria da carne brasileira possui expressividade econômica significativa em termos globais, sendo frequentemente pressionada pelas autoridades governamentais e não governamentais, quanto às práticas e processos adotados em suas operações, principalmente em relação à compra de gado vinculado à áreas de desmatamento ilegal ou sem licenciamento. Outro aspecto associado ao gado é a emissão de gases de efeito estufa. Neste sentido, o propósito do estudo foi descrever os principais aspectos evidenciados no disclosure socioambiental da indústria da carne, sob enfoque das mudanças climáticas. O estudo teve um como foco as companhias da agroindústria alimentícia da proteína e derivados listadas na B3, no período de 2014 a 2017. A metodologia é de caráter descritiva, a análise do tipo qualitativa e quantitativa, com suporte do software IRAMUTEQ. Os resultados indicam que, no ano de 2014, o tema que mais se sobressai é o Passivo Ambiental e os compromissos derivados destes passivos. No ano de 2015, o tema hierarquicamente mais relacionado às classes é o de Gestão de Resíduos e Efluentes. No ano de 2016, de forma mais preponderante é Gestão das Emissões de Gases de Efeito Estufa e a aderência aos protocolos do Carbon Disclosure Project. No ano de 2017, o conjunto de assuntos com maior expressividade foi a Operação Carne Fraca. No âmbito da mudanças climáticas, os temas mais abordados evidenciam os inventários de carbono, especialmente a sua evidenciação no Carbon Disclosure Project e partir de 2017, as companhias passam a fornecer maior quantitativo de dados sobre o monitoramento e gestão da redução de Gases de Efeito Estufa em suas unidades industriais. Foram encontradas evidências do isomorfismo mimético e coercitivo, assim como lacunas de legitimidade em relação aos reportes apresentados pelas companhias em análise.