O objetivo deste artigo é compreender o que é ser um trabalhador pipoqueiro na cidade de Belo Horizonte, as práticas cotidianas que envolvem a profissão e como é construída a identificação com esse trabalho. Para a proposta, adotamos uma abordagem qualitativa e realizamos sessenta e duas entrevistas com pipoqueiros atuantes na região central da cidade. Utilizamos a técnica de Análise Linguística do Discurso para analisarmos os dados e debruçamo-nos sobre o percurso semântico "cotidiano e identificações: ser ambulante e a necessidade de trabalhar", considerando o cotidiano como aquele que interfere na construção das identificações dos pipoqueiros. Por fim, buscamos também ampliar e fomentar o debate acerca de saberes não hegemônicos.Palavras-chave: Identidade, Identificação, Cotidiano, Pipoca, Trabalhadores pipoqueiros."Being a street vendor is a necessity that we have to work on": daily life and identification of popcorn sellers of Belo HorizonteThe objective of this article is to understand what it is to be a popcorn seller in the city of Belo Horizonte, the daily practices that involve the profession and how the identification with this work is constructed. For the proposal, we adopted a qualitative approach and carried out 62 interviews with popcorn sellers active in the central region of the city. The technique of Linguistics Discourse Analysis was used to analyze the data and in this article, we looked at the semantics path "daily life and identifications: being street vendor and the need to work", and we consider the daily life as one that interferes in the construction of the identifications of the popcorn workers. Finally, we seek to broaden and foster the debate on daily life and non-hegemonic knowledge.
IntroduçãoE ste artigo é resultado de uma pesquisa maior que buscou abranger e discutir a história, o território, o cotidiano e a identificação de trabalhadores ambulantes, sobretudo os pipoqueiros, da região central da cidade de Belo Horizonte. Portanto, debruçamo-nos sobre o objetivo de compreender o que é ser trabalhador ambulante, mais particularmente, o que é ser pipoqueiro nessa cidade, como é construída a identificação com esse trabalho e quais são as práticas cotidianas existentes na profissão.Ao propormos o estudo de indivíduos que realizam trabalhos, muitas das vezes ignorados, em espaços públicos, ressaltamos o protagonismo de profissões e saberes deslegitimados por modelos por ora dominantes, funcionais e que se apresentam como mais "legítimos". Nesse sentido, seguimos a proposta de Carrieri, Santos, Pereira e Martins (2016) de sobrelevar as práticas de trabalhadores desconsideradas por estruturas formais de conhecimento. Além disso, buscamos ampliar a concepção 1 Mestrando em Administração (Cepead/UFMG), bacharel em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. 2 Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. 3 Doutor em Administração (Cepead/UFMG), professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenador do Núcleo de Estudos Organizacionais e ...