As violências na percepção de jovens universitários

Abstract

Conflitos de interesse: extraído da tese "Proteção e desgaste: a dialética da violência contra jovens no estado do Paraná", Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF), Universidade Federal do Paraná, 2019. ResumoObjetivo: Identificar a percepção de jovens universitários acerca dos processos de proteção e desgaste relacionados às violências.Métodos: Pesquisa exploratória com abordagem qualitativa. Dados coletados por meio de questionário eletrônico no período de junho de 2017 a abril de 2018.Resultados: Foram preenchidos 68 questionários, apreciados por meio da Análise de Conteúdo, com apoio do software webQDA. Destacaram-se três categorias segundo as dimensões da Realidade Objetiva: 1) Dimensão singular: tipificação das violências, vivência das violências e conhecimento nas violências -agressor ou agredido; 2) Dimensão particular: percepções acerca do que protege das violências e compreensões do que desgasta para as violências; 3) Dimensão geral: redução das violências -um olhar para a gestão. Nestas categorias foi evidenciado que as violências, contra e entre jovens universitários, são fenômenos socialmente determinados.Conclusão: Faz-se necessário implementação de políticas e ações institucionais para além dos muros da universidade, objetivando, por meio do diálogo com a sociedade organizada, conscientizar as pessoas de que as violências devem ser denunciadas e combatidas.

Desafios no atendimento a mulheres vítimas de violência de gênero na universidade

“…Para compreender o fenômeno no contexto universitário, Maito et al (2019) falam sobre a universidade ser um ambiente que reproduz as desigualdades de poder entre homens e mulheres construídas socialmente e, com isso, torna-se um lugar hostil para as mulheres marcado, sobretudo, por violências cotidianas, além de outras formas de opressão não relacionadas apenas ao gênero que atingem estudantes, funcionárias e professoras. Em consonância com os estudos, os(as) participantes mencionaram que os tipos de violência que foram mais frequentemente atendidos pelo serviço da universidade foram a violência sexual (Banyard et al, 2020;Bellini & Mello, 2022;Escritório USP Mulheres, 2018), Violência Por Parceiro Íntimo (Gama & Baldissera, 2022;Souza et al, 2018;Tasqueto et al, 2022) e violências subjetivas/não explícitas, incluindo violência psicológica e moral (Escritório USP Mulheres, 2018;Fialla et al, 2022;Maito et al 2022;Montrone, 2020).…”

Olhares de universitários sobre os atores envolvidos na violência por parceiro(a) íntimo(a)

“…Por outro lado, repudiam a visão estereotipada do agressor, como monstro, pois isso impede o conhecimento real do perfil deste autor. Embora nem sempre o autor de violência se reconheça como potencial agressor 11 , é preciso reconhecer que o pai de família, o filho querido, o namorado romântico também podem ser autores de violência. Isso indica a necessidade de ampliar a atenção à violência praticada por parceiros para além do atendimento à vítima e a penalização do agressor 15 .…”

“…No cenário universitário, estudo identificou a percepção de jovens estudantes acerca dos processos de proteção e desgaste relacionados às violências, revelando o reconhecimento das violências institucional, sexual, gênero, psicológica, econômica e social, que ocorrem, especialmente, contra mulheres, negros, população LBGTI+, pobres e crianças 11 . Ao se pensar em estratégias de redução das diferentes formas de violência, além de políticas públicas de segurança e conscientização dos homens; os acadêmicos enunciaram a necessidade de estratégias de sensibilização com formação mais humanizada nos cursos de graduação 11 .…”