A atuação do fisioterapeuta na Atenção Primária à Saúde (APS), com foco na promoção da saúde e prevenção de agravos, é ainda uma desafiadora realidade de intervenção que se opõe ao tradicional perfil reabilitador deste profissional. O estudo objetiva analisar a atuação dos fisioterapeutas na APS do município de Crateús-Ceará. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada em abril de 2016 por meio de entrevistas semiestruturadas junto aos fisioterapeutas que atuam na APS do município de Crateús-Ceará. As informações coletadas foram analisadas conforme a técnica de análise de conteúdo na modalidade temática, sendo construídas três categorias de análise: ações desenvolvidas pelos fisioterapeutas; acesso dos usuários à Fisioterapia; e desafios enfrentados no cotidiano de trabalho. O estudo seguiu os aspectos éticos da pesquisa com seres humanos. Evidenciou-se que as principais atividades desenvolvidas pelos fisioterapeutas na APS de Crateús-Ceará são visitas domiciliares e atividades coletivas. O acesso dos usuários à Fisioterapia ocorre por indicação dos Agentes Comunitários de Saúde; da referência pelo enfermeiro ou médico da Equipe de Saúde da Família (EqSF); ou, ainda, pela procura direta ao fisioterapeuta na Unidade Básica de Saúde (UBS). Os principais desafios relatados pelos entrevistados foram poucos fisioterapeutas incluídos na APS, falta de transporte, infraestrutura precária das UBS, necessidade de Educação Permanente em Saúde para profissionais da saúde e gestores sobre a metodologia de trabalho dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e resistência da EqSF ao modelo de trabalho do fisioterapeuta nesses núcleos. Sendo assim, a atuação dos fisioterapeutas do NASF de Crateús-Ceará apresenta-se mais voltada para a promoção e prevenção, entretanto existe um déficit na organização da atenção especializada em Fisioterapia no município, que acaba sobrecarregando a APS e demandando, dos profissionais aí inseridos, muitas ações de recuperação da saúde. Algumas vezes, os próprios fisioterapeutas almejam a importação do modelo de atuação tecnicista e curativista para a APS. Identifica-se, pois, um desalinhamento entre gestão dos serviços, formação em saúde e atuação profissional no que tange à implementação do modelo de atenção preconizado para os NASF.