RESUMO Introdução A utilização de questionários sintoma-específicos no câncer de cabeça e pescoço (CCP) em conjunto com avaliações objetivas da deglutição pode ser sensível às mudanças na qualidade de vida (QV) decorrentes da disfagia, porém é uma ferramenta pouco utilizada como complemento de avaliações clínicas. Objetivo analisar a associação entre o questionário de disfagia M. D. Anderson (MDADI) com a videofluoroscopia (VF) da deglutição em pacientes tratados do CCP. Método Estudo retrospectivo, com revisão de prontuários, dados da VF e do questionário de disfagia MDADI. Foram incluídos indivíduos maiores de 18 anos, tratados do câncer de cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe, independentemente do tratamento curativo. Para o exame de VF, foram consideradas as deglutições de 5 e 20 ml na consistência néctar. O teste não paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para avaliar a associação entre o questionário MDADI e a VF. Resultados Casuística de 39 indivíduos, predomínio de homens, 34 (87,18%), e média de idade de 61 anos. Prevalência de câncer de cavidade oral, 16 (41,03%). Vinte e dois (56,4%) possuíam estádio clínico IV. Cirurgia isolada foi o tratamento mais prevalente, 16 (41,03%). Vinte indivíduos (51,28%) se alimentavam por via oral. A média total (MT) do MDADI foi de 63,36. Na correlação da VF com o MDADI, observou-se associação significante entre MT, domínio emocional (DE) e domínio físico (DFis) com penetração para 5 ml. Penetração e aspiração com 20 ml determinou prejuízo para questão global (p=0,018 e p=0,0053), DE (p=0,0012 e p=0,027), DFis (p=0,0002 e p=0,0051) e MT (p=0,0023 e p=0,0299), respectivamente. A presença de estase não determinou piora da QV. Conclusão Pacientes tratados do CCP que apresentam penetração/aspiração demonstram impacto na qualidade de vida nos DE e DFis.