INTRODUÇÃOO crescente interesse pelo estudo no âmbito da violência escolar advém, entre outros factores, da maior frequência e visibilidade que as suas manifestações têm tido, bem como da consequente preocupação evidenciada pelos diversos profissionais e/ou intervenientes no contexto educativo. Professores, alunos, encarregados de educação, psicólogos, são alguns dos diferentes agentes que, de um modo mais directo ou mais indirecto, contactam com essa realidade.De modo semelhante, as repercussões decorrentes da vivência de situações de violência escolar têm vindo progressivamente a ganhar maior dimensão nas diversas investigações levadas a cabo. Quer se tratem de consequências ao nível do progresso e integração educativa, quer se tratem, de um modo mais abrangente, de consequên-cias ao nível da saúde (numa perspectiva biopsicossocial), inúmeros são os autores que salientam a existência de repercussões nefastas em diversos domínios de vida dos alunos.Algumas investigações alertam para as implicações ao nível da auto-estima (Sharp, 1996;Mynard & Joseph, 1997;Baldry & Farrington, 1998;Salmon et al., 1998;Berthold & Hoover, 2000;Veiga, 2000;Engert, 2002), outras realçam a associação a comportamentos de risco como o consumo de substâncias (Forero et al., 1999;Kaltiala-Heino et al., 2000;Veiga, 2000;Matos & Carvalhosa, 2001;Nansel et al., 2001), outras ainda salientam as repercussões ao nível da saú-de, nomeadamente sintomatologia física e psicológica (Neary & Joseph, 1994;Boivin et al., 1995;Craig, 1998;Forero et al., 1999;Bond et al., 2001;Karin-Natvig et al., 2001;Nansel et al., 2001).O conceito de violência escolar tem sido caracterizado, por diferentes autores, como um fenómeno multifacetado, abrangendo uma variedade de manifestações, desde comportamentos anti-sociais, delinquência, vandalismo, comportamentos de oposição, entre outros (Vale & Costa, 1998). Estando cientes dos diferentes domínios que urgem intervenção, o clima relacional entre os alunos, intimamente associado à qualidade das interacções interpessoais que entre eles ocorrem, tem merecido especial atenção como uma área privilegiada na literatura sobre violência escolar. Mais recentemente, neste âmbito, tem sido largamente