Associação entre insegurança alimentar e fatores demográficos, socioeconômicos, alimentares e de saúde em idosos atendidos pela atenção primária

Abstract

A presença da insegurança alimentar e nutricional (IAN) implica em ausência de acesso adequado a alimentos nutritivos, suficientes e seguros para atender às suas demandas, sem implicar às demais indigências básicas. Além disso, predispõe ao comprometimento da saúde e aumento do risco de complicações de patologias instaladas em idosos. O estudo objetivou investigar a prevalência da insegurança alimentar e nutricional e os fatores associados em idosos acompanhados pela atenção primária à saúde. Trata-se de estudo transversal realizado com 312 idosos frequentadores de unidades básicas de saúde de abrangência da Estratégia Saúde da família em Várzea Grande, Mato Grosso, Brasil, durante o ano de 2022. A variável desfecho foi a insegurança alimentar e nutricional, investigada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e a associação com as variáveis independentes foi verificada por meio de análise de variância robusta, considerando um nível de significância menor que 0,05 e intervalos de confiança (IC) de 95%. A prevalência de IAN entre os idosos foi de 50,3%, sendo 26,3% classificados com insegurança leve, 12,2% moderada e 11,9% grave. No modelo final, estiveram associadas com maiores prevalências de IAN a renda familiar mensal menor que 1 salário-mínimo, a realização das refeições no sofá ou cama e a procura por serviço público de saúde devido a COVID-19. Em contrapartida, idosos que não conviviam com beneficiários do auxílio emergencial e que realizavam visitas mensais às UBSs apresentaram menor risco de vivenciar a situação de IAN. A investigação evidenciou uma prevalência alta de insegurança alimentar e nutricional e associação com fatores sociais, econômicos e de saúde, sugerindo o importante papel das condições de vulnerabilidade social e econômica.