Associação entre o Antagonismo do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona e a Mortalidade Relacionada à COVID-19 em Pacientes com Hipertensão Relacionada ao Sobrepeso/Obesidade: um Estudo Retrospectivo de Coorte

Abstract

Resumo Fundamento Os bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRA) e os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) aumentam a expressão de ACE2, que é um receptor para entrada de SARS-CoV-2 nas células. Embora as evidências sugiram que os IECA/BRA são seguros entre a população geral com COVID-19, sua segurança em pacientes com hipertensão relacionada ao sobrepeso/obesidade merece uma avaliação mais aprofundada. Objetivo Avaliamos a associação entre o uso de IECA/BRA e a gravidade da COVID-19 em pacientes com hipertensão relacionada ao sobrepeso/obesidade. Métodos O presente estudo incluiu 439 pacientes adultos com sobrepeso/obesidade (índice de massa corporal ≥ 25 kg/m 2 ) e hipertensão, diagnosticados com COVID-19 e internados no University of Iowa Hospitals and Clinic entre 1º de março e 7 de dezembro de 2020. Foram avaliadas a mortalidade e a gravidade da COVID-19 com base no tempo de internação hospitalar, internação em unidade de terapia intensiva, uso de oxigênio suplementar, ventilação mecânica e uso de vasopressores. A regressão logística multivariável foi usada para examinar as associações do uso de IECA/BRA com a mortalidade e outros marcadores de gravidade de COVID-19, com um alfa bilateral definido em 0,05. Resultados A exposição aos BRA (n = 91) e IECA (n = 149) antes da hospitalização foi significativamente associada a menor mortalidade ( odds ratio [OR] = 0,362, intervalo de confiança [IC] de 95% 0,149 a 0,880, p = 0,025) e menor tempo de internação hospitalar (IC 95% −0,217 a −0,025, p = 0,015). Adicionalmente, os pacientes em uso de IECA/BRA apresentaram uma tendência não significativa de menor internação em unidade de terapia intensiva (OR = 0,727, IC 95% 0,485 a 1,090, p = 0,123), uso de oxigênio suplementar (OR = 0,929, IC 95% 0,608 a 1,421,p = 0,734), ventilação mecânica (OR = 0,728, IC 95% 0,457 a 1,161, p = 0,182) e vasopressores (OR = 0,677, IC 95% 0,430 a 1,067, p = 0,093). Conclusão Os resultados sugerem que pacientes internados com COVID-19 e hipertensão relacionada ao sobrepeso/obesidade que receberam IECA/BRA antes da internação apresentam menor mortalidade e COVID-19 menos grave do que aqueles que não estavam tomando IECA/BRA. Os resultados também sugerem que a exposição aos IECA/BRA pode proteger pacientes com hipertensão relacionada ao sobrepeso/obesidade de COVID-19 grave e morte.

A susceptibilidade de pacientes hipertensos contraírem o COVID-19 e desenvolver a forma grave da doença

“…A cascata de eventos se inicia com a liberação de angiotensinogênio na corrente sanguínea, este que é produzido de forma contínua pelo fígado, ou seja, a todo momento os níveis de angiotensinogênio em Angiotensina I e II é a renina, molécula essencial para o desenvolver das seguintes reações, dando início a atividade do SRA (Angeli, 2023). A renina é uma enzima produzida pelas células justaglomerulares dos rins e sua liberação na corrente sanguínea é de acordo com a baixa dos valores pressóricos do paciente ou por estímulo do sistema nervoso simpático (Shams, et al, 2023). A reação da conversão, catalisada pela renina, de angiotensinogênio em angiotensina I se dá na corrente sanguínea, contudo o produto desta reação ainda é uma molécula inativa para dar sequência às reações.…”

“…Já a Enzima Conversora de Angiotensina II é produzida no endotélio das artérias coronarianas e vasos intra-renais, essa produção se dá por células cardíacas, renais, testiculares e musculatura lisa. Então é esta enzima ECA II que converte a Angiotensina I em Angiotensina II que é a forma ativa da molécula e que desenvolverá algumas condições para que os níveis pressóricos do paciente se mantenham em valores fisiológicos para o corpo humano (Shams, et al, 2023). Essa produção de angiotensina II tende a causar quadros de inflamação em alguns tecidos do corpo humano, pela ação dos Receptores de Angiotensina I que elevam a ação inflamatória em pulmão, coração e a própria atividade nervosa central simpática (Dutsch, 2023).…”

“…A angiotensina II é a molécula que causa as alterações no fluxo sanguíneo do paciente, ou seja, é a molécula central do SRA e mais ativa das angiotensinas, promovendo uma vasodilatação, estimula a liberação de Aldosterona, que retém sódio e reabsorção de água (Shams, et al, 2023).…”