Atenção ao parto por enfermeira obstétrica em maternidades vinculadas à Rede Cegonha, Brasil – 2017

Abstract

Resumo O objetivo foi avaliar se a presença da enfermeira na atenção ao parto em maternidades da Rede Cegonha promove o acesso às boas práticas de atenção obstétrica ao trabalho de parto e parto. Avaliação conduzida em 2017, nas 606 maternidades do SUS que aderiram a essa política estratégica em todos os estados do Brasil. Utilizamos dados coletados com gestores das maternidades e puérperas. A análise ocorreu em dois níveis: hospitalar, com ou sem assistência ao parto por enfermeiras; e profissional, que assistiu ao parto vaginal, médico ou enfermeira. Como variáveis dependentes incluímos boas práticas e intervenções no parto vaginal e na taxa de cesariana. Foram incluídas na análise dos partos vaginais 5.016 puérperas e no cálculo da taxa de cesariana 9.692. Análises múltiplas foram ajustadas por região geográfica, localização, porte da maternidade, cor da pele e paridade da puérpera. Maternidades com enfermeira na assistência ao parto usam mais partograma; e menos ocitocina, litotomia, episiotomia e cesariana. Em partos assistidos por enfermeiras foi mais frequente o preenchimento do partograma e menor a chance de litotomia e episiotomia. A inserção da enfermeira na assistência ao parto vaginal tem se mostrado bem sucedida, trazendo às mulheres um parto mais fisiológico e respeitoso.

Assistência ao parto e puerpério hospitalar: satisfação de mulheres

“…17 Outras boas práticas úteis e que devem ser estimuladas são o contato pele a pele com o recém-nascido e a amamentação nas primeiras horas de vida do bebê. 18 No entanto, um estudo realizado no estado do Paraná evidenciou o contato pele a pele da mãe com o recém-nascido com tempo limitado devido aos procedimentos imediatos realizados com o mesmo. Verificou-se que 85,7% das mulheres tiverem contato pele a pele com o seu filho por apenas 1 a 5 minutos de duração, mesmo existindo recomendação para a realização da prática por no mínimo 1 hora ininterrupta.…”

Memórias dos movimentos iniciais para a atuação de enfermeiras obstétricas em um hospital de ensino

“…Somos uma nação marcada por um modelo tecnicista de atenção ao parto e nascimento com elementos que configuram práticas intervencionistas, despersonificadas, altamente tecnicistas, com a incorporação de diferentes procedimentos sobre o corpo feminino que afastaram ao longo de décadas a fisiologia do nascimento (1,(14)(15)(16) .…”

“…Vivenciamos contradições na assistência médico-centrada e altamente intervencionista não produz repercussões profundas nos alarmantes Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro/RECOM -2022; 12/4359 www.ufsj.edu.br/recom indicadores de morbidade e mortalidade de mulheres brasileiras. A maneira como está estruturada a assistência materno infantil, sustentada em tecnologias, em intervenções e em procedimentos, agrava as condições dos sistemas de saúde, social e financeiro de nossa nação (1,(15)(16) .…”

“…Sustentados nas experiências produzidas pelas políticas anteriores e movidos pelo movimento de melhoria dos indicadores de saúde maternoinfantil no país, em 2011 é lançado o Programa Rede Cegonha (RC) pelo MS no âmbito do SUS como a política pública que reafirma a necessidade de reorganização do modelo de atenção obstétrica nacional. Nos trechos do texto referencial da política, a Enfermagem Obstétrica ganha uma posição de destaque nas práticas humanizadas, não violentas, colaborativas, coparticipantes e respeitosas (2,15) .…”

“…Há um forte incentivo para que serviços incorporem a atuação da Enfermeira Obstétrica em espaços assistenciais como os Centros de Parto Normal Intra e Peri-hospitalares, Casas das Gestantes, Maternidades de baixa e alta complexidade, Atenção Primária à Saúde, com repasses financeiros aos municípios que comprovassem por meio dos seus indicadores a participação da profissional no cuidado assistencial (15) .…”