Com a reorientação da gestão educacional pela matriz da governança em escala global, proliferaram-se clamores que responsabilizam os professores pela melhoria da qualidade educacional e dos resultados da aprendizagem, gerando ampla mobilização pela constituição de iniciativas políticas endereçadas ao magistério. Visando caracterizar tendências e desafios desse novo cenário sociopolítico e seus desdobramentos, neste artigo abordam-se as determinações, implicações e mediações desse processo. Para tanto, analisaram-se relatórios, manifestações oficiais e documentos institucionais, que demonstram que a veiculação da matriz da governança constitui um poderoso sistema de direção política e coesão social, que estabelece novos métodos de coordenação, pautados em uma feição participativa e inclusiva. Trata-se da combinação subordinada da administração das questões sociais aos mecanismos de elevação da lucratividade das corporações capitalistas, que, sob a justificativa de ampliar a capacidade institucional do Estado e estimular a responsabilidade social, tem inserido grupos privados na gestão dos serviços públicos. Devido à sua relevância, não apenas por forjar as condições técnicas, mas também pelo potencial de inculcação ideológica da classe trabalhadora, o professor, içado à condição de redentor, tem sido realçado como imprescindível para compatibilizar a educação compulsória às demandas da economia global. Conclui-se que a propagação de proposições multilaterais para reformar a gestão da educação e dos professores está associada à peremptória necessidade de salvaguardar o projeto histórico capitalista, por meio de ações que formem a força de trabalho, ampliem a lucratividade dos oligopólios e efetuem a gestão do social.Palavras-chave: Educação e estado. Políticas e gestão da educação. Professores. Governança pública.