ResumoO objetivo do presente artigo é refletir sobre o significado da realização de cirurgias estéticas étnicas, no contexto do interculturalismo e da sociedade de consumo e sua relação com as migrações internacionais. A prática das cirurgias estéticas étnicas por imigrantes remonta ao final do século XIX e ganha novos significados na sociedade contemporânea. O artigo baseia-se em narrativas coletadas com cirurgiões plásticos de Coimbra, Lisboa e Madri, no ano de 2014 e foram obtidas por meio de entrevistas presenciais, orientadas por um roteiro semiestruturado, e seu conteúdo foi analisado com base na literatura sobre cirurgias estéticas, sociedade de consumo e identidades descentradas. Como resultado, o artigo aponta para o caráter ambivalente destas práticas por serem, ao mesmo tempo, normatizadoras e transgressoras em um mundo que celebra as diferenças, mas também mantém a preocupação constante com os traços físicos étnicos considerados exagerados ou, como os médicos entrevistados nomeiam, grotescos.