Auto-Suficiência Energética E Desenvolvimento: O Comércio De Gás Natural Entre Brasil E Bolívia

Abstract

Resumo: Este artigo pretende discutir o posicionamento brasileiro diante da crise da nacionalização das reservas bolivianas, tendo em vista o cenário global de preocupação com a segurança energética e também as relações comerciais entre o Brasil e seus vizinhos. Pretende-se sugerir que a busca da autosuficiência gasífera pode não ser a melhor alternativa para o Brasil lidar com a nacionalização boliviana. Ainda que se reconheça que o momento político não é favorável e que os dois países necessitam restabelecer um novo equilíbrio em suas relações, o comércio gasífero entre Brasil e Bolívia deveria ser entendido como uma possibilidade de ampliação da integração econômica e política das duas nações. Além disso, o gás natural importado é um elemento da segurança energética de longo prazo ao qual o Brasil não deve renunciar.

Análise dos Acordos Assinados pelo Brasil e pela Argentina na Área de Energia entre 1995 e 2010

“…Além disso, segundo Scheibe (2008), a crise do abastecimento energético causada pelos embargos ao petróleo em 1973 fez com que a energia se tornasse um tema discutido tanto na área de segurança, como na área de política internacional. Como boa parte dos países desenvolvidos dependem do petróleo e do gás natural derivados de zonas como a Rússia e o Oriente Médio, a segurança energética passou a ser um dos temas que mais preocupam as agendas dos governos, das organizações internacionais e das ONGs ao redor do mundo (Barufi, 2006;Ciuta, 2010), tendo em vista que a questão energética, de acordo com Ribeiro (2015), tornou-se um vetor de poder, influenciando tanto os interesses, como as políticas desenvolvidas pelos países. Ela afirma que isso fica evidente ao observar que são esses países mais poderosos e desenvolvidos que são aqueles que mais consomem energia.…”

Considerações sobre o fator de utilização do parque de refino brasileiro e as importações e exportações de petróleo e derivados: 2000 a 2018

“…Nesse período, as restrições ambientais e econômicas vigentes (como a Resolução Conama 18/86, limitando as emissões de monóxido de carbono, entre outros poluentes do ar, para os veículos novos e a Lei 8723/93, determinando a mistura de 22% de álcool anidro à gasolina), os altos preços do petróleo e o lançamento dos veículos bicombustível (movidos a gasolina e etanol em qualquer proporção), viabilizaram a ampliação da produção de biocombustíveis no país. O Brasil preparava-se para se tornar um exportador de gasolina e etanol (CONAMA, 1986;BRASIL, 1993;BARUFI, 2006).…”