Avaliação das competências de enfermeiros relacionadas à espiritualidade em cuidados paliativos

Abstract

Nos últimos anos, pesquisas no âmbito da saúde têm apontado que a fé e a esperança representam aspectos imprescindíveis para a apreensão do processo de recuperação da saúde e o enfrentamento das doenças. Assim, a espiritualidade tem se configurado como uma variável relevante na composição do indicador de saúde na busca da promoção de um cuidado integral. O cuidado paliativo remete à melhoria da qualidade de vida das pessoas e suas famílias que enfrentam condições ameaçadoras da vida, por meio do diagnóstico precoce e tratamento de sintomas físicos, psicossociais e espirituais. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar as competências de enfermeiros relacionadas às necessidades e cuidados espirituais de pacientes internados em unidades de cuidados paliativos. Tratou-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e exploratória, com 17 enfermeiros lotados em um hospital de referência em cuidados paliativos do Distrito Federal. Foram utilizados dois questionários: um questionário sociodemográfico e profissional e a Spiritual Care Competence Scale (SCCS), validada no Brasil em 2020. Verificou-se que a maioria dos sujeitos da pesquisa era do sexo feminino (64,7%), acima de 42 anos de idade (70,5%), autodeclarada parda (41,2%), casada (70,6%), católica (52,9%), residindo com seus cônjuges/companheiros (52,9%), com filhos (76,5%), possuía pós-graduação lato sensu (64,7%), era formada há mais de 15 anos (70,58%) e tinha experiência com cuidados paliativos há mais de 10 anos (58,8%). Em relação à SCCS, a pesquisa revelou que os enfermeiros possuem níveis moderadamente altos de competência para o cuidado espiritual; conseguem prestar apoio e aconselhamento individualizado ao paciente e familiares, bem como possuem atitudes extremamente positivas em relação à espiritualidade. Apesar dos enfermeiros, de uma maneira geral, conseguirem avaliar e implementar os cuidados espirituais, ainda sentem dificuldades em registra-los em um plano de cuidados; apontaram dificuldades em capacitar outros profissionais para o cuidado espiritual, bem como propor projetos de melhoria dos cuidados espirituais nas políticas institucionais; relataram dificuldades na realização de uma avaliação multiprofissional voltada aos cuidados espirituais e; não souberam responder se conseguem avaliar o cuidado espiritual em conjunto com a equipe de saúde. Frente ao exposto, acredita- se que esta pesquisa tenha ampliado a discussão sobre a espiritualidade e a importância dos cuidados espirituais no âmbito da enfermagem e dos cuidados paliativos. Além disso, espera- se que os resultados desta pesquisa possam auxiliar instituições a traçar novas estratégias de implantação, implementação e avaliação das necessidades/cuidados espirituais no âmbito da saúde e da enfermagem em cuidados paliativos