Avaliação dermatológica de agentes comunitários de saúde sujeitos à fotoexposição em região tropical do Brasil

Abstract

Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. ABSTRACT Aims:To investigate skin lesions associated with or aggravated by sun exposure in community health workers in two municipalities in the metropolitan region of Belém, State of Pará, Brazil, relating the lesions to some sociodemographic variables, and to assess the use of sun protection. Methods: A cross-sectional study was carried out with 11 Family Health Centers in Belém and Ananindeua selected by non-probabilistic convenience sampling. All workers answered a questionnaire and were clinically examined for the presence of skin lesions caused by sun exposure, in addition to having sun exposure variables and their sociodemographic profile assessed. The data were analyzed by the chi-square test, Fisher's exact test with Yates' correction, and Student's t test. A p value ≤ 0.05 was considered to be statistically significant. Results: A total of 83 workers were assessed, most of whom were female (75.9%), aged between 30 and 40 years (44.6%), single (47%), with completed high school education (69.8%), and family income between 1 and 2 minimum wages (67.5%), working in the profession for over 10 years (48.2%). Among the respondents, 83% reported daily sun exposure in their working activity, 47% were exposed for more than four hours, and 73.5% were exposed to the sun at the most critical time (between 10 and 4 o'clock). 56.6% used some kind of protection against sun exposure, and 27.7% reported using sunscreen on a daily basis. The dermatologic evaluation also revealed that 97.6% of workers had many skin lesions caused by sun exposure. Melanosis was the most common diagnosis. Conclusions: Skin lesions were frequent among community health workers and sun exposure during working hours appears to have played a remarkable role. Workers showed difficulty adopting protective behaviors. Occupational health policies and actions targeted at the prevention of aggravating factors among community health workers should be encouraged.

Ações de fotoeducação em saúde no ambiente escolar como estratégia para a prevenção de fotodermatoses

“…As fotodermatoses são definidas como patologias cutâneas originadas ou motivadas pela exposição à luz solar, determinando modificações de caráter inflamatório ou degenerativo, que podem repercutir em neoplasias de pele (Araújo et al, 2016). A origem dessas patologias é multifatorial, sendo a exposição demasiada e prolongada ao sol considerada o fator de risco primordial (Oliveira et al, 2020).…”

“…A neoplasia cutânea, forma mais frequente e previsível de todos os cânceres, é dividida em dois grandes grupos, melanoma e não melanoma (Loo et al, 2020). Ambas podem ser evitadas pela proteção mecânica, com o uso de roupas, chapéus e óculos de sol, e pela proteção química, com a aplicação de protetor solar, já que o agente etiológico principal é a incorreta exposição ao sol (Araújo et al, 2016).…”

“…A fisiopatologia das neoplasias de pele é complexa e caracteriza-se pelo crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo produzir metástase (Zink, 2014). Entretanto, apresenta uma forma de prevenção relativamente simples: a exposição correta ao sol (Araújo et al, 2016). Nesse cenário, ações de educação em saúde, baseadas na faixa etária do público, são fundamentais para a redução de casos de câncer de pele no Brasil.…”

Fotoproteção em Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de Belém-PA

“…Dessa forma, pode-se inferir que a provável razão para o ocorrido esteja relacionada com a jornada de trabalho diária desses profissionais, que os obriga diretamente à exposição solar duradoura. Tal comportamento de exposição ao sol em horários inadequados, assemelha-se ao encontrado por Araújo et al,8 Cardoso et al9 e Lima et al 10 Além disso, segundo o Consenso Brasileiro de Fotoproteção, 7 o cerne da fotoproteção baseia-se na utilização de filtros solares com Fator de Proteção Solar (FPS) adequado para cada indivíduo. Assim, mesmo o fototipo predominante encontrado ter sido o fototipo III e fototipo IV, que estão sujeitos a queimaduras solares moderadas e brandas, respectivamente.…”

“…Isto não os isenta do uso de filtro solar ou outras medidas fotoprotetivas.Em contraste a isso, foi observado prevalência de 58,9% dos ACS que utilizam filtros solares raramente ou nunca, dados que poderiam ser explicados devido ao fornecimento irregular e em alguns casos, inexistente, de filtros solares pelos gestores municipais de saúde para os agentes, além dos preços frequentemente inacessíveis dos filtros solares com FPS superior a 30.Tal achado foi bastante heterogêneo ao ser comparado com a literatura, visto que o fornecimento de filtro solar pelas prefeituras não é obrigatório. Assim, os estudos com achados similares foram os de Araújo et al8 Cardoso et al9 e de Lima et al 10 , e os estudos que contrastaram foram o de Costa et al 11 e o de Souza et al 12 É importante ressaltar que alguns estudos não levaram em conta outros fatores importantes no uso do protetor solar, como a frequência de aplicação semanal e de reaplicação diária, 8,10-12 o que limitou tal comparação. Quanto ao conhecimento acerca dos riscos e das consequências negativas da exposição solar, 100% dos ACS relataram algum entendimento dos malefícios desde o câncer ao próprio envelhecimento da pele.…”