Os micronutrientes são importantes para o funcionamento do organismo. Processos de deficiência ou excesso destes nutrientes trazem como consequências o aparecimento de doenças. O objetivo deste trabalho foi associar fatores sociais, antropométricos, bioquímicos, químicos, nutricionais e de insegurança alimentar ao estado nutricional de iodo em adultos agricultores familiares da Região Geográfica Imediata de Viçosa-MG. O projeto obteve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (n.2.496.986). Realizou-se calculo amostral, totalizando 306 agricultores e agricultoras a serem avaliados no meio rural de oito cidades da Região Geográfica Imediata de Viçosa-MG, Brasil. Foram realizadas com o uso de questionários semiestruturados com auxílio de ligação telefônica a coleta de informações socioeconômicas, demográficas, de estilo de vida, condições de saúde, autorrelatadas e exames bioquímicos, e consumo alimentar. Era agendada visita domiciliar para a coleta das amostras de urina e de alimentos. Foram realizadas dosagens bioquímicas para avaliação da função tireoidiana, estado nutricional de iodo, ferro, selênio e zinco. Realizou-se análise química de sal de consumo domiciliar, do conteúdo de iodo no tempero e nos alimentos. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS versão 20.0 e Stata versão 14. O conjunto mínimo de possíveis fatores associados, assim como viés de confusão e seleção foram determinadas pelo Directed Acyclic Graph (DAG) no programa DAGitty® versão 3.0. Realizou-se regressão logística e linear a depender do objetivo. Além de testes de comparação de médias e medianas. Para todas as análises foi adotado p< 0,05. Como resultados foi encontrado uma ingestão insuficiente 18.9% (n=58) dos agricultores e inadequada pelo excesso 49.4% (n= 151). Observou-se que os indivíduos que utilizavam tempero industrializado (OR=1,815; IC95:1,060– 3,109) e que tinham hipercolesterolemia (OR=4,830; IC95:1,596 -14,623) apresentaram maior chance de ingestão excessiva de iodo. Os agricultores que faziam uso de tempero caseiro apresentaram maior chance de CIU insuficiente (OR=2,710; IC95:1,221 – 6,015). Entre os sexos foi encontrada diferenças quanto a renda, pontuação da EBIA, IMC, Hemoglobina, TSH e T3. Nos modelos finais da análise de regressão linear múltipla foi observado que o aumento do TSH se relaciona com o aumento da idade e as concentrações séricas de T3 também se relacionaram ao aumento da hemoglobina. Quanto a comparação entre os quartis, houve diferença entre os quartis 1 e 2 de T4 Livre para média de Selênio (p=0,003), 1 e 3 para VCM (fL) (p=0,029); 2 e 3 para Hemoglobina (g/dL) (p=0,025). Para Tireoglobulina, houve diferença entre 1 e 2, 1 e 4 para VCM (fL) (p=0,028; p< 0,001, respectivamente), HCM (pg) 1 e 4 (p= 0,008), 3 e 4 (p=0,005) e CHCM (g/dL) 2 e 3 (p=0,026). Entre os quartis de T3 teve-se diferença nas médias entre 1 e 4 para Hemoglobina (p=0,003) e RDW (%) 2 e 3 (p=0,025). Para as 580 amostras de alimentos produzidos pelos agricultores familiares e analisadas neste projeto, não foi encontrada diferença entre os cultivares de alface, couve e feijão. Houve diferença entre as cidades no conteúdo de iodo para ovos (p≤0,001), queijo (p=0,028) e leite (p=0,001). Não foi encontrado diferença entre as estações do ano quanto ao conteúdo de iodo na couve e alface. Há uma complexidade no processo de avaliação do estado nutricional de iodo e possíveis fatores associados, exigindo mais estudos para o seu aprofundamento. Além de, proposição de ações educativas incentivando uma alimentação saudável. Há que se considerar que existem grupos prioritários no que tange a avaliação de deficiências, porém os resultados deste estudo exemplificam a necessidade de uma avaliação considerando também adultos. Palavras-chave: Tese. Pós-graduação. Iodo. Tireoide. Deficiência de Iodo. Ferro. Anemia. Zinco. Selênio. Segurança Alimentar e Nutricional. Meio rural. Comunidades Rurais. Trabalhadores Rurais