Os acidentes por picadas de serpentes são considerados os mais complexos dentre aqueles causados por animais peçonhentos, devido à sua especificidade, com variações quanto às características clínicas, prognósticas e imunológicas. A presente pesquisa objetivou verificar a frequência dos acidentes ofídicos notificados e caracterizar o acidente, a serpente, a soroterapia empregada e o acidentado, inclusive o seu desfecho, na microrregião de Birigui-SP. A coleta de dados, devidamente aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa, foi realizada nas Fichas de Notificação Individual do Sistema de Informação e Notificação de Agravos do Centro de Vigilância Epidemiológica do município de Birigui-SP. Com base nos registros verificados, realizados no período de 2010 a 2018, ocorreram 35 notificações de acidentes ofídicos, sendo que a maioria foi do tipo botrópico (Jararaca) (49%) e crotálico (Cascavel) (17%), enquanto que a minoria, do tipo elápidico (Coral) 3% e não peçonhento (6%), e em 26% das notificações o gênero da serpente foi ignorado. Tais acidentes atingiram principalmente homens (63%), adultos com até 60 anos (69%) e ocorreram na zona rural (71%). Quanto ao local do corpo, 74% dos acidentes atingiram as extremidades dos membros superiores e inferiores. Todos os acidentados tiveram cura, sendo que a maioria apresentou algum tipo de reação com manifestação local e ou sistêmica. Embora todos os acidentados tenham tido uma boa evolução, é importante ressaltar a importância da prevenção de tais ocorrências, tanto no ambiente rural, quanto no urbano, especialmente os homens, com destaque para os membros superiores e inferiores, os locais mais atingidos pelas serpentes do gênero Bothrops e Crotalus.