Avaliação histológica da dentina e do cemento após diferentes tempos de inumação: estudo in vitro

Abstract

Introdução e objetivo: Frequentemente são encontrados corpos em que a única peça disponível para o processo de identificação humana é o dente, uma das estruturas do corpo humano mais resistentes a alterações ambientais e fatores externos. O presente trabalho objetivou realizar um estudo histológico do elemento dentário e as alterações que podem acontecer no complexo dentina-polpa depois de passados diferentes períodos de inumação, bem como a sua utilidade na prática forense em Odontologia Legal, a fim de verificar a possibilidade de inferência quanto ao tempo decorrente e às modificações histológicas no elemento dentário. Material e métodos: Em recipientes de barro, cobertos por solo comum e mantidos ao ar livre, submeteram-se 48 terceiros molares extraídos a variados tempos de inumação (sete, 30, 60 e 180 dias). Após, os dentes foram retirados e analisados por descalcificação e realizaram-se cortes longitudinais de 6 µm de espessura, corados com hematoxilina-eosina. Depois da montagem dos cortes nas lâminas, efetuaram-se análises histológicas da dentina e do cemento. Resultados: A análise qualitativa em microscópio de luz possibilitou ver que as partes mineralizadas dos dentes apresentavam bom estado de conservação (cemento e dentina). No entanto tecidos moles, como polpa dentária e ligamento periodontal, estavam fragmentados e, na maioria das vezes, ausentes. Conclusão: Adentina e o cemento não tiveram alterações histológicas significativas, não permitindo nenhuma inferência quanto ao tempo decorrente da inumação.

Estimativa do intervalo post mortem mínimo em situações forenses por meio da análise histológica dos dentes

“…Desse modo, estudos com dentes em situações forenses se tornam promissores para auxiliar a instrução criminal (YOUNG et al, 2013;GARRIDO;NAIA, 2014), e alguns estudos de estimativa do IPM a partir da análise histológica dos dentes foram descritos na literatura científica (VAVPOTIČ et al, 2009;MENON;PRADO;SILVA, 2011;YOUNG et al, 2013;CARRASCO et al, 2017).…”

“…Portanto, a estimativa do IPM pela cronotanatognose, que envolve a análise de fenômenos e sinais cadavéricos gerais, pode ser limitada em alguns casos. Outrossim, locais diversos promovem estágios de decomposição incertos (DARUGE; DARUGE-JÚNIOR; FRANCESQUINI-JÚNIOR, 2019).Os elementos dentais são capazes de suportar as mais variadas situações, como altas temperaturas, ambientes úmidos e ação de fungos e bactérias(MONTELIUS; LINDBLOM, 2012;MALAVER;YUNIS, 2003;WURMB- SCHWARK et al, 2003;MENON;PRADO; SILVA, 2011; DRANCOURT et al, 2017). Assim, torna-se vantajosa a aplicação da Odontologia para comparação de registros ante mortem e post mortem, ou para o estudo da biologia molecular, pela análise genética a partir do tecido pulpar e degradação celular dos tecidos, dado que os elementos dentais sofrerão baixa influência ambiental.…”