Esta pesquisa tem por objetivo apresentar dados voltados à compreensão das mudanças e agenciamentos dos espaços ocupados pelos idosos nas obras cinematográficas brasileiras entre 1997 e 2020, tomando por base três filmes: Central do Brasil, Chega de Saudade e Greta. Nossas perguntas bases são: quais as transformações no personagem do idoso no cinema brasileiro contemporâneo em relação à tradição cinematográfica nacional? Como tais deslocamentos dialogam com as demandas recentes que reinventaram o idoso como sujeito no Brasil na passagem do século XX para o XXI? O idoso foi ressignificado, como um sujeito médico, via a Geriatria, e como sujeito da cultura, graças à expansão da qualidade de vida. Em Greta, por exemplo, há um longo processo de apinhamento da personagem principal que foi agravado pelo fato de Pedro não ser uma pessoa bem “resolvida” quanto a sua sexualidade. Essa realidade era refletida no apartamento em que morava, pois se tratava de um espaço escuro e desorganizado. Ou seja, quando identificamos as transformações nos espaços culturais dos idosos ao longo do tempo, vislumbramos representações identitárias marginalizadas nos filmes, mas, ao mesmo tempo, mudanças na sociedade como um todo no que diz respeito ao tratamento destinado ao idoso. Da mesma maneira, observa-se uma situação similar nas tramas de Central do Brasil e Chega de Saudade. Para realizar seu intento, a pesquisa parte do levantamento documental com a utilização de diversas fontes: os três filmes citados, revistas especializadas, livros do campo da História, Geriatria e Cinema. Utiliza-se ainda a análise fílmica para avaliarmos as transformações sociais dos espaços e papéis atribuídos aos idosos.