Sabe-se que o etanol é droga capaz de afetar todas as células do organismo, mas é justamente sobre as do sistema nervoso central que suas influências são mais evidentes, por determinar uma gama de alterações comportamentais. Por muitos séculos tem-se observado que o organismo humano torna-se menos sensível a esses efeitos após o uso da droga, sendo unânime a opinião de que o estudo dessas adaptações pode contribuir para a compreensão do alcoolismo e eventualmente das outras toxicomanias. A maioria dos estudos experimentais sobre a tolerância alcoólica tem sido feita utilizando-se técnicas que permitem obter, em animais, alcoolemias variáveis por determinado período de tempo, após o qual é administrada uma dose padronizada de etanol e observado o desenvolvimento da tolerância aos seus efeitos 3,21,31. Na prática clínica constata-se que alguns indivíduos ingerem diariamente, de modo ininterrupto, quantidades variáveis de alcoólicos como "aperitivos" acompanhando as refeições, enquanto outros ingerem doses por períodos descontínuos de tempo, sendo um ponto comum entre eles, muitas vezes, a tendência para o aumento da quantidade da droga ingerida com o prosseguimento do hábito. O estudo do desenvolvimento do fenômeno de tolerância alcoólica nesses indivíduos, que apresentam distintos comportamentos, poderia contribuir para melhor compreensão do alcoolismo, mas encontram-se limitações práticas, sendo os estudos de tolerância alcoólica feitos quando o hábito está estabelecido e a tolerância alcoólica desenvolvida.Assim sendo, para avaliar eventuais influências do número diário de doses da droga e da presença de um intervalo de abstinência, sobre a tolerância alcoólica, utilizamos modelo experimental de alcoolismo em ratos, desenvolvido pela técnica de entubações gástricas periódicas para a administração do etanol.