RESUMO:O artigo embarca numa revisão da literatura de behavioral law and economics para identificar e examinar as lições que a economia comportamental oferece para o debate contemporâneo sobre política antitruste baseada em evidências sobre racionalidade, força de vontade e interesse próprio limitados dos consumidores. Argumenta-se que a guinada comportamental na análise econômica da competição revisa o entendimento tradicional acerca dos mercados relevantes e práticas anticompetitivas de firmas e inspira reflexões sobre como desenhar remédios contra abusos do poder de mercado e condutas nocivas. Adicionalmente, apresenta alguns desafios para uma política baseada em pressupostos psicologicamente mais realistas e chama a atenção para o fato de que os julgamentos e decisões das autoridades de defesa de concorrência são também influências por heurísticas e vieses. Encerra sugerindo que a incorporação de insights da psicologia, economia e sociologia ao antitruste permite uma compreensão mais ampla e profunda sobre a natureza multifacetada, dinâmica e complexa da concorrência no mundo real.