O estudo dos padrões de variação do tamanho corporal em linhagens animais representa um dos principais objetivos modernos de áreas como a biogeografia e a macroecologia. A avaliação de amplos conjuntos de dados espaciais, temporais e de diversidade permitem testar hipóteses ecológicas e evolutivas a respeito da variação do tamanho do corpo. Uma delas é a Regra de Bergmann, uma correlação positiva entre o tamanho do corpo médio de espécies endotérmicas com a distribuição latitudinal (indicador de clima). De acordo com esta regra, tamanhos maiores parecem se distribuir mais frequentemente em regiões de altas latitudes (clima frio), para vários grupos analisados em diferentes partes do mundo. A ideia desse trabalho foi testar essa hipótese para dados de tamanho de 167 espécies de quirópteros (morcegos) com distribuição no território brasileiro (micro-quirópteros). Os dados foram coletados da literatura. Foram analisadas as relações entre a envergadura (cm) e peso (gr), separadamente, para todas as espécies. Os resultados não demonstraram uma associação significativa entre tamanho e clima, de forma global, para as espécies de micro-quirópteros analisados, ou seja, as espécies maiores não estão, significativamente, distribuídas mais na região sul do país. As espécies de quirópteros tropicais parecem responder mais diretamente aos padrões ecológicos locais, tais como as pressões seletivas associadas com cada população. Outra possibilidade é que as relações energético-funcionais em morcegos possam ser viesadas pela variação morfológica das asas. Provavelmente, o viés geométrico na morfologia dos animais voadores implica numa morfofisiologia diferente para o tamanho corporal.