Introdução: O Tumor de Krukenberg (TK) é um raro adenocarcinoma ovariano de natureza metastática, geralmente bilateral, sendo uma doença de mau prognóstico e alta taxa de mortalidade, com idade média de acometimento de 45 anos. As principais manifestações clínicas são dor e distensão abdominal, ascite, alterações no ritmo intestinal, derrame pleural, sangramento vaginal anormal e perda de peso. O diagnóstico é feito pela história clínica, exame físico, exames laboratoriais e de imagem e, sobretudo, a imuno-histoquímica, que representa o padrão-ouro. O tratamento é feito por quimioterapia paliativa na tentativa de controle da doença sistêmica e metastasectomia, que parece ser a única opção de tratamento eficaz quando a redução cirúrgica completa e a ressecção do tumor primário podem ser realizadas. Relato de caso: Mulher, de 45 anos, possuía, em atendimento de emergência, queixa de dor abdominal e sudorese profusa há um dia e apresentava, ao exame físico, palidez, fácies de dor, abdome globoso, doloroso à palpação, com massas palpáveis em hipocôndrios direito e esquerdo. Tomografia computadorizada de abdome total evidenciou lesões expansivas na transição abdominopélvica, com hipótese diagnóstica de lesões blastomatosas ovarianas. Possui passado de atendimento médico, há quatro meses, por achado laboratorial de anemia ferropriva, e queixas de dor epigástrica, diarreia esporádica e perda de peso involuntária e não aferida em quatro meses. No internamento, realizou endoscopia digestiva alta, que visualizou lesão gástrica infiltrativa em corpo e antro proximal, friável, com discreto sangramento ao toque do aparelho, e limites mal definidos, a qual foi biopsiada. O resultado descreveu mucosa gástrica de padrão antral e corpo e fundo, exibindo proliferação de células atípicas. Foi solicitado exame imuno-histoquímico, cujo resultado foi adenocarcinoma pouco diferenciado com algumas células com aspecto em anel de sinete. Foi prescrito o esquema quimioterápico EOX, composto por epirrubicina, oxaliplatina e capecitabina. Após o término do tratamento, exame de imagem de controle não visualizou mais lesões expansivas. Pela boa resposta à quimioterapia empregada, a paciente realizou cirurgia. O anatomopatológico das peças cirúrgicas foi compatível com Tumor de Krukebenberg, com sítio primário gástrico. Ressonância magnética de controle não evidenciou novas lesões. Foi prescrito novo esquema de capecitabina para controle de doença residual. Até o fim deste relato, a paciente evoluía com queixa de perda de peso, sem outros comemorativos. Discussão: A paciente descrita constitui-se como exemplo clássico da doença, embora atípica no grau de boa resposta à terapia realizada. A sintomatologia apresentada é favorável à suspeição diagnóstica, bem como os achados dos exames de imagem. A imuno-histoquímica das peças cirúrgicas definem, indubitavelmente, o diagnóstico. O tratamento empregado no caso foi assertivo, possibilitando à doente as ressecções cirúrgicas, conferindo-lhe aumento de sobrevida e qualidade de vida. O prognóstico, contudo, permanece reservado. Conclusão: Apesar do prognóstico reservado, é possível garantir o prolongamento da sobrevida com abordagem cirúrgica e quimioterápica. Entretanto, a falta de protocolos médicos para o tratamento da doença é fator para ausência de uniformidade na terapia. Por fim, é indispensável a instituição de cuidados paliativos desde o momento do diagnóstico, abrangendo a paciente e seus familiares.