ARTIGO ORIGINAL
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INTRODUÇÃOApesar dos grandes progressos da cirurgia nas últi-mas décadas, o diagnóstico e o seguimento das doenças hepáticas continuam a oferecer dificuldades para a práti-ca médica 1,2 .A punção hepática, utilizada inicialmente para o diagnóstico e tratamento de abscessos hepáticos, passou a ter finalidades diagnósticas a partir de 1883, quando Paul Ehrlich realizou a primeira biopsia hepática para estudar o conteúdo de glicogênio em fígados diabéticos 1 .Há seis décadas o método passou a ser mais freqüen-temente utilizado com finalidades diagnósticas, tendo sido consolidado a partir da Segunda Guerra Mundial para o estudo de numerosos casos de hepatites virais que acometeram os soldados envolvidos no conflito 1 .As duas únicas contra-indicações absolutas ao mé-todo são o cisto hidático e o hemangioma cavernoso do fígado 1 . Outra contra-indicação para a biopsia hepática são os distúrbios graves de coagulação, medidos pelo alargamento do tempo de protrombina. Alguns autores consideram ainda indispensável para avaliação da coagulação a contagem de plaquetas, cujo limite de segurança estaria em torno de 80.000 [1][2][3][4][5][6][7] .A hemorragia representa cerca de metade das complicações, sendo a principal causa de mortalidade. Estudos realizados relatam que as taxas de hemorragias com necessidade de reposição volêmica atingiram 0,2% a 0,25% das biopsias realizadas, e 6% a 25% destes pacientes necessitaram de laparotomia [2][3][4][5][6][7] .A peritonite biliar representa cerca de 15% das complicações. A disseminação tumoral pelo trajeto da punção é uma complicação rara, porém descrita na literatura. Alguns autores recomendam que a biopsia só deva ser realizada em pacientes não candidatos à ressecção cirúrgica 2,3 .