RESUMO: O PapilomavĂrus humano (HPV) Ă© o agente sexualmente transmissĂvel mais comum na regiĂŁo perianal. O vĂrus provocalesĂ”es clĂnicas e subclĂnicas que podem evoluir para carcinoma anal. Ă descrito o aumento da incidĂȘncia desse tipo de tumor naqueles que praticam sexo anal; nos portadores, de ambos os sexos, de lesĂ”es genitais HPV induzidas; nas pessoas com neoplasias intraepiteliais anais de alto grau, o precursor do carcinoma, com maior incidĂȘncia nos infectados pelo vĂrus da imunodeficiĂȘncia humana (HIV), e com outras causas de supressĂŁo imunolĂłgica. Outra caracterĂstica das lesĂ”es HPV induzidas Ă© a elevada incidĂȘncia de recidivas. DaĂ, a importĂąncia do seguimento por longo prazo e da pesquisa de meios terapĂȘuticos para reduzir essa ocorrĂȘncia. A possibilidade da detecção das lesĂ”es precursoras indica que programas padronizados de rastreamento para a prevenção do cĂąncer anal deveriam ser instituĂdos. Os esfregaços anais para citologia vĂȘm sendo realizados, com eficĂĄcia semelhante a das coletas cervicais e a colposcopia anal tem sido indicada para biĂłpsias dirigidas quando a citologia mostrou-se alterada, embora muitos recomendam-na, tambĂ©m, como mĂ©todo de rastreamento. Nesse artigo, descrevemos a padronização da coleta de material para citologia anal e o mĂ©todo de realização da colposcopia anal, bem como a periodicidade com que devem ser repetidos. O PapilomavĂrus humano (HPV) Ă© o mais comum dentre os vĂĄrios agentes etiolĂłgicos sexualmente transmissĂveis que provocam doenças na regiĂŁo perianal.
Descritores1 A maioria das infecçÔes pelo HPV nĂŁo tem qualquer consequĂȘncia clĂnica, mas cerca de 10% dos pacientes desenvolverĂĄ verrugas, papilomas ou displasias.2 Ă descrita a possibilidade de progressĂŁo das displasias, ou neoplasias intraepiteliais anais (NIA), para carcinoma invasivo 3 e a maioria ocorreria na zona de transição do canal anal.
4O carcinoma espinocelular (CEC) anal apresenta relação com a imunodepressĂŁo crĂŽnica provocada pelo o vĂrus da imunodeficiĂȘncia humana (HIV). Sua incidĂȘncia variou de 19, nos primeiros anos da epidemia, e antes do uso da terapia antirretroviral (HAART), para 48,3 na era pĂłs-HAART imediata e mais recentemente para 78,2 por 100.000 habitantes, sendo ainda mais elevada entre os homossexuais masculinos.5 O CEC anal Ă© o Ășnico tumor cuja frequĂȘncia cresceu apĂłs o uso do HAART.1,5 Esse aumento pode ser justificado pela maior expectativa de vida desses doentes, permitindo que as lesĂ”es precursoras tenham mais tempo para evoluir para o carcinoma, uma vez que nĂŁo vĂȘm sendo diagnosticadas e tratadas. Sabe-se que mulheres com lesĂ”es genitais HPV induzidas, incluindo o carcinoma cervical, tĂȘm maior