O presente texto propõe uma reflexão sobre a noção de hegemonia, desenvolvida por Laclau e Mouffe em suas relações com a pesquisa em currículo. A abordagem desenvolvida permite compreender, no amplo campo da política curricular da BNCC, diferentes hegemonias. Para o presente artigo, serão destacadas duas delas: os novos e multiletramentos, associados à Língua Portuguesa (LP); e o Esporte, no componente Educação Física (EF). A Teoria do Discurso compõe a estratégia de pesquisa, junto às apropriações realizadas, principalmente, por Alice Lopes e Elizabeth Macedo para pesquisas no campo de políticas de currículo. Com esses aportes, é problematizada a política pública de currículo em que se constitui a BNCC. É ponderado que a centralização curriculardefendida via discursos hegemonizados nos dois componentes destacados se justifica por uma suposta aproximação à realidadedo jovem, ao passo que projeta a ideia de que a educação que acontece nas escolas é pouco atraente, conteudista e desvinculadado mundo do estudante. É considerado que, apesar de a BNCC-LP e a BNCC-EF buscarem uma estabilização curricular, supondo a possibilidade de controle sobre o que acontece nas escolas, o movimento para o fechamento dos sentidos sociais não é possível. Conclui-se assinalando que os componentes curriculares LP e EF sempre estão sujeitos a ressignificações no campo da discursividade, nos diferentes contextos em que são interpretados, o que reitera a defesa de um currículo mais democrático e plural, cuja significação não pode ser fechada de vez por todas.