O envenenamento por picada de cobra é uma condição que afeta seres humanos e animais em todo mundo. No Brasil, as serpentes venenosas existentes pertencem aos gêneros Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus. Contudo, os acidentes botrópicos são os mais frequentemente descritos na medicina humana e veterinária. Assim, o objetivo desse estudo foi descrever um caso de acidente botrópico em um cão na região noroeste do Espírito Santo, destacando suas características clínico-laboratoriais. Foi atendido um canino, macho, castrado, sem raça definida (SRD), de 1 ano de idade, proveniente da zona rural do município de Pancas, região noroeste do Espírito Santo, com suspeita de picada de cobra do gênero Bothrops. O animal apresentava sangramento e algia intensa em membro torácico direito. Foi realizada a administração do soro antiofídico e fármacos analgésicos, antibióticos, anti-inflamatórios e hemostáticos. Nos exames laboratoriais, o paciente apresentou anemia intensa, hipoproteinemia, leucocitose por neutrofilia e trombocitopenia, além de hipoalbuminemia e aumento nas concentrações fosfatase alcalina e ureia. O diagnóstico de acidente ofídico por cobra do gênero Bothrops baseou-se nas alterações clínico-laboratoriais típicas e pela visualização da serpente pelo tutor. A alta incidência de acidentes botrópicos no Brasil ocorre devido à vasta distribuição geográfica das serpentes no país. Os sinais clínicos e as alterações hematológicas e bioquímicas observadas nos animais ocorrem devido a diversas enzimas, peptídeos e proteínas presentes no veneno que causam os efeitos deletérios locais e sistêmicos descritos. A terapia consiste, principalmente, na administração do soro antiofídico e fármacos adjuvantes para controle dos efeitos locais. Chama-se a atenção que as estatísticas de acidentes ofídicos na medicina veterinária baseiam-se principalmente em relatos de casos ou estudos feitos nos centros de diagnósticos das universidades do país, devido a não obrigatoriedade da notificação desses acidentes.