Pessoas em situação de migração forçada podem ser particularmente vulneráveis ao Covid-19. O Brasil se mantém na rota das migrações Sul-Sul e a cidade de São Paulo como referência. Este estudo qualitativo buscou compreender o cuidado de profissionais de serviços de saúde no contexto da pandemia, junto a migrantes internacionais na cidade. Entre 2020 e 2021, foram conduzidas observações etnográficas em serviço de Atenção Primária em Saúde (Unidade Básica de Saúde Sé) e entrevistas com dez profissionais de saúde, além de informações de coletivos sobre migração e saúde. Na unidade, utilizada por migrantes de diversas nacionalidades, o acesso era um direito garantido. A prática profissional evidenciava estratégias para lidar com esta população. O desconhecimento dos migrantes sobre o funcionamento do sistema de saúde evidenciou limitações para o cuidado. Durante a pandemia, a presença de migrantes na unidade continuou; o cotidiano dos atores do serviço foi modificado, com aumento da carga de trabalho, adoecimento e exacerbamento da vulnerabilidade estrutural de migrantes. Contudo, as mobilizações da sociedade civil com os serviços públicos e com organizações que acolhem os migrantes permitem construir caminhos para os cuidados em saúde.