Apresenta-se um estudo exploratório com 307 estudantes de instituições de ensino superior do Porto. Os participantes de ambos os sexos, com idades entre os 18 e os 48 anos (M=23; DP=5.6) responderam a um questionário de diagnóstico local de segurança, a fim de captar as perceções sobre o crime e a vitimação na área, os sentimentos de segurança e as conceções sobre a atuação policial. Os resultados apontam para uma perceção geral de segurança, apesar dos roubos ou dos peditórios reportados. A experiência de vitimação (15%), nem sempre reportada às autoridades, traduziu-se numa perceção fragilizada quanto à atuação policial. O estudo permite concluir pela importância da formulação estratégica de planos de segurança baseada numa participação da comunidade.Palavras-chave: Segurança, Crime, Vitimação, Estudantes universitários.
IntroduçãoEste estudo, à semelhança da generalidade dos designados Diagnósticos Locais de Segurança (DLS) (cf. Direcção Geral de Administração Interna, 2009; Sani & Nunes, 2013), serve o propósito de melhor se conhecer uma comunidade específica, bem como a sua perceção a respeito das questões da in/segurança e da vitimação. Esta avaliação dos problemas sob a perspetiva das Ciências Sociais permite que se atinjam resultados facilitadores do trabalho que os agentes de polícia desenvolvem diariamente nessa comunidade. Neste caso, a comunidade em análise consiste no universo dos estudantes universitários que, na cidade do Porto, se move diariamente na área do denominado Pólo Universitário de Asprela, como região urbana em que se concentram muitas universidades -e respetivas faculdades -da cidade do Porto, muito embora se trate de uma área sem delimitação geográfica formalmente definida.De acordo com Kapardis (2010), a investigação científica na área das Ciências Humanas e Sociais tem vindo a ganhar influência sobre o funcionamento e as estratégias policiais, nos mais diversos contextos de atuação e em vários países. Por outro lado, a imprevisibilidade associada às dificuldades em operar em determinadas áreas urbanas muito específicas impõe a focalização da atenção sobre o trabalho dos agentes de segurança (Paton, Violanti, Burke, & Gehrke, 2009) e sobre as populações e respetivas particularidades.A vivência de situações de vitimação apresenta consequências graves que têm sido analisadas há algum tempo (Skogan, 1987), mantendo-se atual e urgente estudar tais sequelas (Lasas, Garcia-
169A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Laura M. Nunes, Faculdade de Ciências