Introdução: Os profissionais de saúde são um grupo particularmente suscetível ao desenvolvimento de burnout. São escassos os estudos publicados a avaliar esta problemática nos profissionais de saúde da unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve. Este estudo pretende avaliar a prevalência desta síndrome, nas suas várias definições e dimensões e diferentes classes profissionais desta população, bem como identificar fatores sociodemográficos ou laborais associados a níveis elevados de burnout.
Métodos: É um estudo observacional, transversal e quantitativo em profissionais de saúde da unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, reunindo informações sociodemográficas e inerentes ao desempenho profissional e aplicando as versões validadas para a população portuguesa dos questionários Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey e 23-QVS Questionário de Vulnerabilidade ao Stress.
Resultados: O total de 200 respostas corresponde a 88 enfermeiros, 83 médicos e 29 técnicos superiores de saúde. A média de idades foi de 39 anos, com uma maioria do sexo feminino (75,5%). Identificamos uma prevalência de burnout de 16,5% (enfermeiros: 23,9%; médicos: 10,8%; TSDS: 10,3%). Apuramos níveis elevados de exaustão emocional, despersonalização e redução da realização profissional em, respetivamente, 68,5%, 30% e 34,5% dos profissionais. A mediana global do questionário 23-QVS foi 39 pontos, com vulnerabilidade ao stress (>43 pontos) em 37% da amostra. Profissionais com elevada exaustão emocional trabalharam, em média, mais 5 horas semanais que os restantes. O aumento de média de horas de trabalho aumenta risco de elevada exaustão emocional e despersonalização. Vulnerabilidade ao stress aumenta risco de níveis elevados das dimensões de burnout. Ser enfermeiro está associado a maior risco de burnout e a níveis elevados das suas dimensões.
Conclusão: Este estudo demonstrou níveis elevados de burnout numa proporção considerável dos profissionais, em particular nos enfermeiros. Constatou medianas das dimensões de burnout correspondentes a níveis elevados de exaustão emocional e despersonalização e moderados de redução da realização profissional, embora esta população não pontue, em mediana, para vulnerabilidade ao stress. Estes resultados reforçaram a importância da criação de uma consulta dirigida ao burnout nos profissionais de saúde da unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.