O lulismo, como fenômeno amplo de adesão à figura política de Luiz Inácio Lula da Silva, também se fundamenta na aprovação da imagem de "homem do povo", mobilizada nas eleições de 2002 e continuamente evocada contra o Partido da Social Democracia Brasileira. Neste artigo analisamos as estratégias de propaganda eleitoral do Partido dos Trabalhadores em um momento em que seu maior líder estava preso e seus principais opositores eram outros: os gigantes do antipetismo. Partindo do fato de que a televisão continua sendo importante no jogo eleitoral brasileiro, o corpus de análise é o calendário eleitoral televisivo do Partido dos Trabalhadores durante o primeiro e segundo turnos. Na metodologia utilizada, a observação dos tipos de anúncios é combinada com a análise do discurso de matriz francesa, baseada principalmente nas contribuições de Charaudeau e Orlandi. Como categorias, observam-se o ethos e o antiethos, os interdiscursos, as formações discursivas, as formações ideológicas e as condições sociais de produção. Conclui-se que o lulismo se mobilizou para lutar contra o governo de Temer e o Partido da Social Democracia Brasileira, moinhos de vento que não eram rivais realmente perigosos, porém, falhou em construir uma narrativa contra os gigantes do antipetismo que questionavam não só o jogo sistema eleitoral brasileiro, mas o próprio regime democrático.