RESUMOO diagnóstico de câncer na gestação é evento raro, como também é escassa a literatura sobre o tema. O enfermeiro, na atenção primária, tem papel ativo na detecção precoce dos cânceres de mama e colo uterino, pois entre suas competências está a realização da coleta de material para exames colpocitológico e clínico das mamas. Com vistas ao exposto, neste relato apresentamos o resultado de pesquisa bibliográfica realizada na base LILACS que objetivou analisar a produção científica acerca dos cânceres de mama e cervicouterino durante a gestação. Na pesquisa foram utilizados os descritores câncer e gestação, resultando em 596 artigos. Com a aplicação dos critérios de inclusão somente 20 foram analisados a partir da abordagem que apresentaram, a saber: clínica, epidemiológica, gestantes com cânceres como sujeitos do cuidado. Na análise constatamos a existência de poucos estudos voltados à compreensão do impacto da vivência do câncer na gestação na subjetividade de gestantes, assim como são raros os estudos epidemiológicos sobre a questão, evidenciando certa despreocupação com a temática por parte da comunidade científica e profissionais de saúde, entre eles o enfermeiro, e apontando para a necessidade de realização de pesquisas acerca da temática de maneira a subsidiar e incentivar a realização de práticas preventivas no cuidado à gestante.Palavras-chave: Gravidez. Neoplasias da Mama. Neoplasias do Colo do Útero. Enfermagem.
INTRODUÇÃODurante muito tempo a ocorrência do câncer no período gestacional esteve relacionada à ideia de uma doença com comportamento muito agressivo, de prognóstico desfavorável e sem muita perspectiva de tratamento; porém o que se pode dizer, pelos dados atualmente disponíveis, é que a gravidez não altera o curso biológico da doença, uma vez que a sobrevida entre gestantes e não gestantes é similar, desde que comparadas com grupos iguais em relação à idade, estádio e tipo histológico (1) . Tal afirmação possibilita a constatação de que, na atualidade, ações preventivas voltadas à prevenção do câncer de colo uterino e mama devem ser assumidas pelos serviços de saúde independentemente da existência ou não da gestação.Segundo esse mesmo autor, o diagnóstico de um câncer na gestação constitui um acontecimento extremamente traumático para a mulher e a família, apontando para o despreparo dos profissionais para enfrentar a situação. A preocupação com o curso da gravidez se mistura ao impacto que a doença causa em termos de incerteza sobre a vida da mãe e do feto. Sendo assim, é fundamental que decisões tomadas pela equipe de saúde sigam rigorosos princípios éticos, científicos, legais e religiosos, sendo imprescindível considerarem-se os elementos da bioética para o processo de definição das condutas (1) .A mudança de hábitos adotada pela sociedade moderna em prorrogar a gestação para idades mais avançadas, bem como evidências de câncer em mulheres jovens, sugerem um crescente aumento na incidência da associação câncer/gestação (2) . Em vista do exposto, pode-se afirmar que é fundamental mulher...