E em crianças é considerada rara. Dentre estes tumores, os mais comuns são os carcinomas derivados da célula folicular, denominados diferenciados (papilífero, folicular e suas variantes menos agressivas). O tumor medular e os pouco diferenciados (insular, Hürthle, tall cells, etc.) correspondem apenas a 5 a 10% do total. Na casuística apresentada por Cardoso e colaboradores no artigo publicado nesta edição dos ABE&M (1), vemos uma incidência de carcinoma medular de tireóide acima do observado na literatura em geral, talvez por apresentar uma casuística de apenas 15 casos. A evolução dos carcinomas medulares de tireóide é, em geral, mais rápida, sendo diferente da apresentada pelos tumores diferenciados derivados da célula folicular.No seguimento dos tumores malignos da tireóide na infância, o que chama a atenção são as diferenças de comportamento dos tumores diferenciados entre crianças e adultos. Na faixa etária infantil, em geral são muito mais agressivos e com grande índice de metástases ao diagnóstico, como o observado no artigo em questão. Está indicada uma terapia mais radical: tireoidectomia total, esvaziamento cervical, quando necessário, e complementação com atividades elevadas de radioido. O artigo de Cardoso e cols. (1) mostra cinco pacientes nos quais a cirurgia inicial foi parcial e que tiveram que ser reoperados por recidiva tumoral, mostrando a importância de uma abordagem inicial mais agressiva. Vários estudos tentam explicar o motivo desta diferença: presença ou não de determinadas mutações, como as descritas no artigo.Recentemente vem se estudando o gene BRAF presente no carcinoma papilífero do adulto, porém raro nos tumores que atingem a população infantil (2). Da mesma forma a presença de receptores IGF-1 nos tumores da infância poderia ser responsável, em parte, pela agressividade inicial apresentada (3). Apesar de toda essa agressividade, os tumores diferenciados têm uma excelente resposta ao tratamento cirúrgico complementado pela radioiodoterapia, proporcionando um longo período livre de doença, com raras recidivas e boa resposta terapêutica das metástases, em especial as pulmonares. No artigo em discussão (1), os pacientes reportados, além de apresentarem doença muito avançada ao diagnóstico, têm outras doenças associadas como linfoma de Hodgkin, MEN 2B e carcinoma medular, o que torna o prognóstico mais sombrio (4).A relação entre o aparecimento do carcinoma papilífero com a exposição prévia à radiação ionizante é conhecida de longa data: na década de 50, o amplo uso do RX no tratamento da hipertrofia do timo, amígdalas, acne e, mais recentemente, os acidentes nucleares e a radioterapia externa de outros tumores da infância, onde a região cervical é incluída no campo de irradiação. Com o aumento da sobrevida deste pacientes, o carcinoma de tireóide ocupa um lugar de destaque no surgimento de uma segunda neoplasia. Em geral os tumores originados de áreas irradiadas são mais agressivos (4).A presença de linfonodo cervical pode ser a primeira manifestação do tumor nesta faixa etária. Nes...