Endoftalmite por Candida albicansO autor descreve os aspectos epidemiológicos, histopatológicos e clínicos da endoftalmite endógena por Candida albicans. Apresenta ainda novos métodos diagnósticos e opções terapêuticas utilizadas no tratamento das infecções fúngicas intra-oculares, por meio de revisão bibliográfica.
INTRODUÇÃOOs fungos são os agentes mais comuns na endoftalmite endógena, representados na sua maioria pelas espécies de Candida.Infecções por Candida têm sido observadas desde os tempos de Hipó-crates, que descreveu a doença em pacientes debilitados.A endoftalmite resultante da infecção sistêmica por Candida foi inicialmente descrita em um olho enucleado em 1943 (1) . Em 1958, foi relatado o primeiro caso clinicamente reconhecido como endoftalmite endógena por Candida, confirmado posteriormente por necropsia (2) . Até a metade do século vinte, poucos casos de endoftalmite fúngica endógena foram relatados, porém, na década de sessenta, um grande núme-ro de trabalhos foi publicado a respeito, fato este que coincidiu com a introdução dos antibióticos de largo espectro (3) . Os fatores que contribuí-ram para o aumento da incidência de endoftalmite fúngica endógena nas últimas décadas incluem a difusão da antibioticoterapia, hiperalimentação intravenosa, terapia imunossupressiva, além do aumento da sobrevida dos pacientes imunocomprometidos, inclusive aqueles portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) (4) . Após 1975, foram estudados um total de 167 casos descritos em 52 diferentes publicações (3) . Aproximadamente um terço dos casos teve envolvimento bilateral. As condições predisponentes foram similares àquelas relatadas antes de 1975, porém, associações com usuários de drogas ilícitas, prematuridade e AIDS são mais comumente encontradas nos relatos atuais (5) . As características dos achados oculares combinados com os achados clínicos e cultura positiva para Candida extra-ocular foram consideradas diagnósticas na maioria dos casos. Pelas descrições, as espécies de Candida, principalmente a C. albicans, foram as principais responsáveis por estas infecções fúngicas.A C. albicans é um habitante normal do trato gastrointestinal e regiões mucocutâneas, incluindo boca e vagina. Por ser um organismo que habita normalmente o corpo humano, culturas de sangue positivas são freqüente-mente atribuídas à contaminação, o que pode levar a um atraso no diagnós-tico de uma infecção por Candida.Imunossupressão, debilidade orgânica, entre outros fatores, podem tornar o fungo patogênico, resultando em uma grave infecção sistêmica (6) . O uso de drogas endovenosas ilícitas é a causa mais comum de endof-