Este trabalho procurou entender como se deram as lutas de classes entre os latifundiários e os camponeses do Cariri paraibano. Especificamente, essa pesquisa buscou: primeiro, observar como se deu o processo da formação territorial do Cariri paraibano e, em particular, do município de Sumé-PB em suas formas de ocupação humana, analisado as lutas de classes que ocorreram neste território entre os portugueses colonizadores e os povos originários; segundo, tratar sobre a formação do campesinato no Cariri paraibano trazendo observações sobre como os povos originários e africanos contribuíram para essa composição, ao mesmo tempo em que forjavam suas formas de resistência. Também traçamos reflexões sobre como se davam as lutas de classes entre os latifundiários e os camponeses dentro das grandes fazendas do município de Sumé-PB; e, por fim, analisar como se deu a resistência camponesa frente ao poder do latifúndio através do uso da oralidade musical (cantoria de viola - repente) no meio rural, uma forma de resistência no campo simbólico que se somava a do campo da violência física. As informações encontradas foram analisadas a partir das lições teórico-metodológicas do materialismo histórico-dialético, elaborado por Karl Marx, para quem “a estrutura econômica da sociedade é a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e a qual correspondem determinados formas de consciência social” (MARX, 1983, p. 24). Para nos lançarmos no campo investigativo sobre o tema abordado foi realizada uma pesquisa bibliográfica (teses e dissertações) bem como sobre dois universos de fontes: os registros cartoriais (sesmarias, assentos de batismos, dentre outros) e a literatura regional (memórias e livros de poesias) para buscarmos entender a cantoria de viola (repente) como uma forma de resistência camponesa. Os estudos realizados permitiram compreender as várias tensões e conflitos que se deram entre latifundiários e camponeses no Cariri paraibano, revelando que estes faziam uso de uma força excepcional para combater as injustiças do seu dia-a-dia, tanto no campo da violência física como no campo simbólico e, nesse último caso, através do uso da oralidade musical (cantoria de viola - repente).