Introdução: A maioria dos dados de vida real sobre infecções graves (IG) em pacientes com artrite reumatoide (AR) tratados com drogas modificadoras de doença biológicas (bDMCDs) é derivada dos registros dos Estados Unidos (EUA) ou da Europa ocidental. Faltam dados consistentes de outros países. Reportamos aqui dados de dois diferentes países da América do Sul que utilizam registros similares no monitoramento das bDMCDs. Métodos: Os dados foram coletados entre 2010 e 2016 em dois registros, BiobadaBrasil (Brasil) e BiobadaSAR (Argentina), que utilizam o mesmo protocolo, a mesma plataforma virtual e o mesmo procedimento de controle de qualidade. Os pacientes com AR ativa foram incluídos nos registros quando iniciavam a primeira DMCD biológica ou sintética (sDMCD). Foram calculadas a taxa de incidência (TI) das IG por 1.000 pacientes/ano (p/a) e as razões ajustadas de incidência (aRI) entre bDMCDs e sDMCDs. Resultados: Foram analisados dados de 3.717 pacientes com AR, com um acompanhamento de 13.380 p/a; 2.591 foram tratados com bDMCDs (64% com anti-TNF), com uma exposição de 9.300 p/a, e 1.126 com sDMCDs (90% com metotrexato ou leflunomide), com uma exposição de 4.081 p/a. A TI das IG para todas as bDMCDs foi de 30,54 (IC 27,18-34,30) e de 5,15 (IC 3,36-7,89) para as sDMCDs. A aRI entre os dois grupos foi 2,03 [1,05, 3.9] p = 0,034 nos primeiros 6 meses de tratamento, subindo para 8,26 [4,32, 15,76] p<0,001 nos subsequentes. A TI das IG mostrou uma tendência a uma redução ao longo dos anos em ambos os registros, decrescendo de 36,59 (28,41-47,12) em 2012 para 7,27 (4,79-11,05) em 2016. Conclusão: As infecções graves são ainda um relevante motivo de precaução nos portadores de AR da América do Sul tratados com bDMCDs, mas ao longo do tempo observa-se uma favorável tendência a uma redução. Palavras-chave: Artrite reumatoide/terapia farmacológica. Registros, efeitos colaterais e reações adversas. Medicamentos biológicos. Infecções.